O cozinheiro Fogaça: retrato de uma geração

Até ontem eu não sabia quem era o Sr. Fogaça, um cozinheiro que atua em um programa de TV que eu nunca assisti. Porém, o fato dele ter alguma fama ou não, em nada muda o juízo sobre a situação que criou. Fosse ele um anônimo denunciado pelas redes sociais a atitude teria escandalizado da mesma forma. O que ficou desse episódio não foi apenas o comportamento juvenil de um semi-famoso. Sua atitude o converteu em ícone de uma geração rebelde sem causa, notável pelas transgressões adolescentes na meia idade.

Fiquei sabendo que trata-se de um sujeito batalhador, o que deve ser reconhecido e aplaudido. A necessidade material o levou a lutar por sua carreira e ele venceu como profissional. Como ser humano, porém, ao que parece, deixa a desejar.

Porque devemos registrar que além de escarnecer a Fé, ele também abusou da simpatia, da humildade e da ingenuidade de duas mulheres por vestirem um hábito que simboliza a escolha de vida que elas fizeram: a escolha de renunciar às suas próprias vidas para dedicá-las ao próximo. Abusou da boa fé delas, da boa vontade de não julgá-lo pelas tatuagens e por sua figura excêntrica em relação ao mundo em que elas vivem. E tudo isso é o de menos. Ele poderia ter apenas errado em um momento de fraqueza, de bobeira, a que todos estamos sujeitos. Quem nunca errou? Mas, não foi só isso: ele foi além.

O grande erro do cozinheiro foi não reconhecer que se comportou como um porco, vil, mal educado, desleal e babaca. E não reconheceu porque realmente acredita que não errou. É dessa geração que formou pessoas vazias de valores e que ora chega à meia idade, o que explica muitos dos problemas do Brasil. É dessa geração que não respeita ninguém, cheia de certezas arrogantes. Ele está certo e quem não concorda é moralista. Ele venceu na vida profissional e financeira, então ele tudo pode, tudo sabe.

Ainda é tempo para ele reconhecer o erro pontual. Mas não há muita esperança para o Brasil da geração Fogaça. Contamos com aquelas que vêm a seguir.