O ovo da serpente

Todos aqueles que estão lendo estas mal traçadas linhas certamente já ouviram falar na neófita deputada federal que atende pelo nome de Tábata Amaral. Moça inteligente, bem articulada, com uma boa aparência, mulher, jovem e defensora de uma agenda fofa, cheia de boas intenções e que sempre tem um clichê na ponta da língua. Tábata é um evidente caso de produto eleitoral, de uma liderança fabricada e sobre a qual aparentemente há forte investimento de divulgação, haja vista o espaço desproporcional que a mídia dá às suas declarações e à sua biografia.

Ninguém é inocente a ponto de imaginar que os possíveis padrinhos da deputada queridinha da mídia apenas desejam oferecer à sociedade uma liderança bem intencionada e que deseja construir um mundo melhor. Em um país que vive um vácuo de grandes lideranças – tanto que acaba de eleger Presidente um deputado do baixo clero – é uma grande oportunidade para o andar de cima  (os sempre donos do poder) enfiar goela abaixo da sociedade uma liderança com os predicados que a menina Tábata aparenta ter e cuja imagem seu alto nível de exposição no noticiário ajuda a consolidar.

Fica aí o dever de casa para os amigos que me leem: reparem na exposição desproporcional da jovem deputada federal na mídia, sempre com discursos positivos, sempre repetindo clichês e vendendo a imagem da sensatez encarnada  baseada em um discurso impregnado do senso comum. Temos 513 deputados federais, mas poucos aparecem tanto quanto ela. E os que rivalizam são figuras de muito poder.

O tempo provará o que hoje afirmo para vocês: esse início de carreira política de Tábata Amaral é o ovo da serpente que está sendo chocado pelos poderosos de sempre para que, em um futuro breve, a cobra destile seu veneno sobre a sociedade que, envenenada, a colocará sempre mais e mais em grandes cargos eletivos. Tábata é a nova cara da velha Esquerda, sempre à serviço das grandes corporações, camuflada pelo discurso de que pretende combatê-las.