Eis que vivemos mais um 15 de Novembro, esse estranho feriado que celebra um golpe de Estado ocorrido em 1889, e que, seguramente, foi a segunda maior desgraça que aconteceu ao Brasil – a primeira, evidentemente, foram os 300 e tantos anos de cativeiro, que a monarquia aboliu.
A resposta à abolição dos escravos foi o apoio ao movimento republicano por parte da elite econômica e militar de então. O estopim, uma desilusão amorosa de um graduado oficial do Exército Brasileiro, o Marechal Manuel Deodoro. O resultado: 130 anos de crises sucessivas e intermináveis, nenhuma paz social, abandono total dos escravos libertos formando um imenso contingente de miseráveis que se perpetua.
O Império do Brasil era um Estado nacional novo, legítimo, com muitos problemas, mas com respostas para cada um deles. Um sistema político avançado para a época que poderia demorar, mas construía as soluções. E resolveu o maior de todos. Se ao Imperador faltou coragem de se comprometer com a sanção de uma lei que abolisse a escravidão, à Princesa Imperial Regente não ocorreu um minuto de hesitação. Alertada para a possível perda do trono, desdenhou da Coroa quando o risco de perdê-la foi colocado como obstáculo ao fim daquela desumanidade.
O Imperador Dom Pedro II é sempre celebrado como um grande estadista e, apesar das críticas que sempre são possíveis, de fato foi o único brasileiro que de fato foi estadista. Porém, a grande perda do 15 de Novembro de 1889 não foi a do Imperador covardemente deposto, mas da Imperatriz que o destino nos prometia. Se na vida privada Dona Isabel era uma mulher do seu tempo, devota ao marido e à família, quando os assuntos de Estado exigiam, era corajosa e astuta. Ela foi a causa das motivações que levaram ao golpe republicano: aboliu o trabalho servil, era mulher, era realmente católica e uma indiscutível serva de Deus que amava o seu povo.
Passados 130 anos anos, os monarquistas de hoje não querem a volta daquela Monarquia derrubada em 1889, não querem voltar ao século XIX, não se comportam como “sebastianistas” em relação ao soberano deposto, nem têm quaisquer propósitos reacionários. Devemos fazer as pazes com o passado, devolvendo ao Brasil os alicerces de sua fundação como Estado nacional soberano, quais sejam, a monarquia parlamentarista, a dinastia da Casa de Bragança, o Poder Moderador, mas dentro de um pacto constitucional em conformidade com a realidade do nosso tempo.
Enquanto o Brasil não devolver o Poder Moderador do monarca à sua estrutura institucional, seguiremos errantes, assistindo a intervenção de falsos e ilegítimos moderadores como as Forças Armadas, o Supremo Tribunal ou o arbítrio das ditaduras. O nosso DNA é de uma monarquia e a História não nos negou abundantes provas disso.