Há uma frase do ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan (1911-2004), frequentemente compartilhada nas redes sociais, que diz o seguinte: “Acredito que o melhor programa social é um emprego“. À primeira vista, a frase parece correta. Um emprego dá dignidade e é um bom começo para que o indivíduo se desenvolva. Porém, há um erro nessa sentença. É que o emprego é um bom programa social, mas não é o melhor. Não há programa social que produza melhores resultados com poucos recursos do que a família.
A família é a célula-mãe do tecido social, o primeiro ambiente de socialização, aprendizado e formação de caráter. É no seio familiar que se aprendem os valores fundamentais como respeito, honestidade, solidariedade e a própria ética do trabalho. Antes de o Estado se apresentar como educador, protetor ou provedor, a família já cumpre essas funções de maneira orgânica e essencial. Uma estrutura familiar saudável e funcional é a mais eficiente agência de prevenção à criminalidade, ao uso de drogas, à evasão escolar e a uma miríade de outros problemas sociais que, mais tarde, custarão caro aos cofres públicos para serem remediados.
Quando uma administração municipal ignora essa realidade e enxerga o cidadão apenas como um indivíduo isolado, ela atua no sintoma, não na causa. Programas sociais que se limitam a oferecer serviços fragmentados podem até aliviar necessidades imediatas, mas raramente promovem a autonomia e o desenvolvimento integral que geram prosperidade duradoura. Em contrapartida, uma gestão que adota a família como sua unidade de referência organiza suas políticas de forma transversal e muito mais eficaz.
Como isso se traduz na prática? No urbanismo, significa planejar bairros com praças seguras, equipamentos de lazer para todas as idades e infraestrutura que incentive o convívio comunitário, fortalecendo os laços de vizinhança. Na saúde, implica em programas que cuidem não só do paciente, mas que ofereçam suporte a toda a sua rede familiar, desde a saúde mental até o acompanhamento de gestantes e idosos. Na educação, representa uma parceria sólida entre escola e pais, com canais abertos de diálogo e a promoção de atividades que envolvam as famílias na vida escolar dos filhos. Na assistência social, significa ir além do assistencialismo, oferecendo ferramentas para a resolução de conflitos, fortalecimento de vínculos e capacitação para que a família se torne autossuficiente.
Adotar a perspectiva da família como pedra angular das políticas públicas não é uma questão ideológica, mas de pragmatismo e inteligência administrativa. É o investimento com o maior retorno social possível. Ao fortalecer as famílias, o poder público municipal está, na verdade, investindo na formação de cidadãos mais responsáveis, na redução dos índices de violência, na melhoria do desempenho educacional e na construção de uma comunidade mais coesa e resiliente.
Portanto, enquanto um emprego é, sem dúvida, um pilar importante para a dignidade, a base sobre a qual todos os outros pilares se sustentam é a família. Uma gestão municipal visionária e verdadeiramente comprometida com o bem-estar de seus cidadãos compreenderá que o seu papel mais estratégico é criar um ambiente onde as famílias possam florescer. Afinal, ao investir na família, o município investe em seu próprio futuro, cultivando o solo fértil de onde brotarão uma sociedade mais justa, próspera e humana.