Há alguma indignação por aí com os pedidos de intervenção militar que pipocam aqui e ali Brasil afora. No lugar da indignação afetada, porém, não há nenhuma reflexão sobre as razões que levam alguns a chegarem nesse ponto. As pessoas pedem intervenção militar pelas mesmas razões que o PT e governos anteriores pagavam mensalões: a organização do Estado brasileiro é completamente louca e desequilibrada.
É inviável exercer o Poder Executivo nos termos da Constituição e da Lei. Pedir intervenção ou pagar/justificar mensalão é ser profeta de falsos remédios e não da cura.
O PT pretendia fazer as reformas da sua agenda ao preço de mensalões, petrolões, cargos em estatais e contratos públicos fraudulentos. Bolsonaro se recusa a fazer a tal coalizão e o Congresso se nega a apreciar suas reformas e pautas.
Alguns apoiadores de Bolsonaro (uma minoria) perdem a paciência e pedem intervenção militar, uma ideia despropositada, porque desconsidera o cenário internacional, os militares de geléia que nós temos no alto oficialato e o fato de que Bolsonaro seria o primeiro a rodar se isso acontecesse.
A única coisa da qual ninguém fala é da solução do problema, que é a alteração da organização e das competências dos poderes. Democracia é equilíbrio e não existe equilíbrio dentro desta (des)ordem constitucional atual.
Há duas coisas que precisam ser tratadas para sairmos dessa crise:
- Como fazer uma ampla reforma constitucional? Como isso seria feito dentro do atual quadro de forças políticas para que se estabeleça o equilíbrio?
- Resolvido o primeiro passo, construir o segundo.
Esse é um processo longo, mas uma repactuação da nossa democracia e o estabelecimento de um real equilíbrio dos poderes institucionais e sociais são os únicos caminhos para diminuir consideravelmente a corrupção estrutural, a sucessão de crises e os impeachments recorrentes.
O que impede hoje a adoção deste caminho são dois problemas:
- Há muita gente que lucra com a situação atual;
- A maioria das forças políticas relevante querem hegemonia e não equilíbrio.
A conclusão a que chegamos é de que só podemos sair da crise com a conscientização popular acerca da nossa doença para que o povo imponha a mudança. Isso seria completamente inédito no Brasil. Mas viver sem crises é uma realidade inédita na nossa história republicana. E só conseguiremos efeitos inéditos com atitudes inéditas.
Até os mais incautos percebem que falta um poder que modere, que tenha como responsabilidade e missão intervir nos momentos em que as forças políticas estão desbalanceadas…
E se o povo, em vez de pedir um general, pedisse um Rei?!
Muita demagogia para um povo que está farto de ouvir promessas e discursos palanquistas . NÃO precisamos de mais discursos que não alterem o decorrer dos fatos para melhoria da política, economia e social do Brasil!