Em campanha para a Presidência da República desde que assumiu a Prefeitura de S. Paulo em 2017, João Doria dobrou a aposta desde que assumiu o cargo de Governador do Estado.
Doria não governa. Sua atuação como governador é a mesma de um candidato em campanha eleitoral. Um candidato ininterrupto.
Há muitas desvantagens nessa campanha contínua. Para começar, imagens de candidatos são arquétipos construídos pela ação do marketing eleitoral e uma exposição contínua à luz do sol, por tanto tempo, acaba revelando a farsa. Além disso, viver nesse intenso fingimento deve exaurir até o mais trapaceiro dos canalhas.
A pandemia permitiu a João Doria tentar rivalizar com Jair Bolsonaro pelas distintas posições de ambos na condução da crise. Porém, os péssimos resultados de S. Paulo em número de óbitos revelou que a fama de bom gestor não cai bem no corpo do governador, mesmo ele tão acostumado a usar calças apertadas.
Fosse o Estado de S. Paulo um país, seria o 10° do mundo em número de mortos pela COVID-19. Números agravados pela própria sanha de Doria em rivalizar com Bolsonaro e inflar os números de mortos do país, já que a imprensa está a seu serviço colocando as vidas perdidas na conta de Bolsonaro.
É preciso lembrar que João Doria editou resolução em abril com um protocolo para que todas as mortes no Estado fossem lançadas nos registros civis como pela COVID-19. Quem não acredita, pode conferir clicando aqui.
A exaustão com o fingimento levou Doria ao ato falho que pode ter sepultado suas pretensões imperiais. Após passar os últimos dias bancando uma vacina sem aprovação da ANVISA e mandando o povo paulista ficar enfurnado dentro de casa nas festas de final de ano, Doria e sua mulher Bia – aquela que é contra dar de comer aos mendigos (lembre aqui) – foram para Miami, nos EUA, gozar dias de férias.
O mais alto mandatário do povo bandeirante trancou seu povo em casa recomendando duras medidas de proteção contra o vírus chinês, pegou seu passaporte diplomático e entrou nos EUA para flanar e fazer compras nos shoppings da Florida. E sem máscara.
O episódio faz cair de vez a máscara do líder exemplar da crise sanitária que seus marqueteiros tentavam construir. João Doria é um fake tão cafona quanto falsário. Eis um aspecto em que ele realmente consegue polarizar com Jair Bolsonaro: se o Presidente da República é autêntico e não busca parecer o que não é, Doria é insuportavelmente artificial.
Miami foi o fim da linha da pretensão presidencial de Doria. Ele insistirá, mas se o trabalho já não era fácil, agora só com milagre. E os milagres não costumam acontecer para servir à mentira.