É possível afirmar que ser uma cidade feia é uma opção, uma escolha das autoridades e dos residentes, se ali há prosperidade. Cidades como Nova Iguaçu e suas vizinhas na Baixada Fluminense, historicamente maltratadas nos espaços públicos, sustentam essa triste tradição com bastante destreza, indiferentes à opção por uma cidade mais bonita.
Essa afirmação se sustenta na própria observação da realidade. Se há cidades feias e mal cuidadas é porque existem as bonitas e bem tratadas. Sem a referência do belo, não existe o feio e vice-versa.
As cidades mal cuidadas são assim por opção. Percebam que há uma Nova Iguaçu muito bonita e outra mal tratada. A parte bela corresponde aos 70% de nosso território em áreas de preservação ambiental. Ou seja, onde não há a ação humana, a cidade é bonita como poucas no mundo, com toda a riqueza da Mata Atlântica.
A solução existe, é claro. As cidades bem cuidadas conseguem e são habitadas por seres tão humanos quanto os das cidades desleixadas. A diferença está na escolha. Política públicas já foram experimentadas e uma delas, que poderia ser aplicada em Nova Iguaçu, é a parceria com o setor privado.
FATORES QUE SUSTENTAM ESSA ESCOLHA
Há dois fatores que colaboram para deixar as cidades mal cuidadas e feias. O número 1 é a ignorância. Ela se manifesta de várias maneiras, seja quando o próprio cidadão destrói o espaço comum ou, ainda, quando a orientação ideológica impede a parceria com o setor privado.
A crença de que tudo deve ser feito pelo ente público e que os recursos retirados do contribuinte são ilimitados é quase um dogma para muita gente.
O fator número 2 é moral. Ou melhor: imoral. Quando o setor público traz o setor privado para fazer algo, tira do gestor público corrupto a oportunidade de fazer contratos que renderão propinas. O mandatário corrupto não vê vantagem na satisfação do interesse público, apenas no seu próprio interesse.
É evidente que nesse segundo fator também reside a ignorância. E poderíamos falar longamente dela. Porém, ainda que o corrupto seja eleito, como são eleitos muitos corruptos no Brasil regularmente, e queira ganhar dinheiro com contratos públicos, os recursos são finitos e as demandas infinitas.
O problema reside no desinteresse do administrador com o interesse geral e o apoio popular a elementos que agem assim.
AS SOLUÇÕES JÁ SÃO CONHECIDAS E EXPERIMENTADAS
Não é preciso inventar a roda. Se formos falar apenas nas praças, parques e jardins públicos, por exemplo, há fartura de demandas de melhorias que poderiam ser concretizadas com base em parcerias que existem às centenas Brasil afora. É só copiar.
Termos de cooperação podem ser firmados com particulares para reforma e manutenção de praças em troca de publicidade, do uso de uma fração do espaço ou como contrapartida de empreendimentos de grande impacto urbanístico, por exemplo.
Será que grandes patrocinadores e entidades do esporte não teriam interesse em usar parte do seu orçamento de responsabilidade social para reforma ou construção de quadras e campos nas praças dos bairros pobres da Baixada? Para responder a pergunta é preciso ter a iniciativa de procurá-los e indagá-los. Esperar no gabinete que caia do céu não resolve.
É claro que aparecerão os atrasados a denunciar falsamente a “privatização dos espaços públicos”, esperando que o povo acredite mais no discurso estúpido que em seus próprios olhos. Mas as críticas dos ignorantes não resistem aos resultados positivos na vida da população.
SÓ RECLAMAR E SE ENDIVIDAR NÃO ADIANTA
É comum vermos os homens públicos reclamarem dos poucos recursos disponíveis em seus caixas para investimentos e obras. Mas fazer a cidade avançar com dinheiro no bolso é fácil. O desafio de enfrentar a escassez está na mesa e nunca deixará de existir. O bom gestor se diferencia do ineficaz pela iniciativa de buscar soluções que vão além do endividamento ou da resignação com a falta de recursos.