O Presidente Jair Bolsonaro tem demonstrado não desejar ser o comandante de uma resistência política ao esquerdismo no Brasil nos próximos anos.
Bolsonaro tem aparentado apatia em recentes aparições públicas e, segundo relatos, até mesmo em um evento privado com parlamentares do seu partido. O desgaste acumulado pela perseguição que sofreu ao longo do seu mandato e que culminou com a proclamação de Lula como eleito pelo TSE parece ter tirado o brilho dos olhos de Bolsonaro para a sua missão política.
O petismo tem encontrado facilidade para negociar a PEC do Rombo e a composição das mesas da Câmara e do Senado no próximo biênio e isso é sinal da ausência de Bolsonaro na articulação.
O estado de espírito de Bolsonaro é compreensível, porque ele e todos nós sabemos que a perseguição não cessará. Ao contrário, é sabido que ela aumentará após sua saída da chefia de Estado e poderá chegar a seus parentes. Em um cenário em que as garantias fundamentais foram para as cucuias, é compreensível que ele não tenha cabeça para as articulações necessárias para a resistência por meio de um papel oposicionista.
O problema é que o país continua aí. E estará nas mãos de uma turma perigosa. Cerca de 60 milhões de eleitores disseram não a esse grupo que chegará com a goela sedenta por poder e vingança. Quem os representará?
A situação é complicada, pois enquanto Bolsonaro não sinalizar que não irá liderar a oposição, ninguém terá força e legitimidade para tentar ocupar esse espaço dentro da direita. Mas, ao mesmo tempo, Bolsonaro não pode abrir mão de seu capital político, sob pena de ficar ainda mais vulnerável frente à perseguição que sofrerá por parte do establishment via STF.
Eis a sinuca de bico de Bolsonaro: ou tornar-se mais vulnerável ou deixar o país mais vulnerável ao petismo-bolivarianismo. O único remédio para resolver essa equação seria o retorno do entusiasmo do presidente para lutar.
A realidade é que o Brasil do bem segue dependente de Bolsonaro. Mas, o presidente precisa compreender que ele também precisará dos brasileiros de bem para resistir ao que virá. E abrir mão de seu papel na História não é uma opção.