A área que denominamos Iguassú Velho precisa se tornar um parque histórico e arqueológico. Isso é um desejo de alguns e uma necessidade de toda a cidade, embora a maioria não saiba.
Mas um empreendimento desta natureza tem tudo para dar errado ou não dar em nada se não for pensado do ponto de vista da sustentabilidade econômico-financeira.
O poder público é um instrumento instável e sujeito aos ventos políticos, às conjunturas sociais e às necessidades mais urgentes. Não adianta brigarmos com a realidade ou manter a ilusão de que o sítio histórico se sustentará exclusiva ou fundamentalmente pela ação e pelos recursos dos governos. Não vai.
O paradigma precisa ser de um parque histórico que seja um ativo econômico para a cidade. Um local com potencial para a instalação de negócios, sobretudo de lazer e gastronomia. Se assim o for, a preservação histórica passa a integrar a preocupação daqueles que têm negócios ali. É como o carnaval. Muitos comerciantes podem detestar pular carnaval, mas defenderão os festejos com unhas e dentes porque ele gera intenso fluxo econômico.
As pessoas visitam Paris porque há lá um vasto acervo cultural e é por isso que a capital francesa é o maior destino turístico do mundo. Se alguém sugerisse acabar com a Torre Eiffel, seguramente os comerciantes parisienses não permitiriam, porque é um ativo da cidade. Guardadas as devidas proporções, o parque histórico de Nova Iguaçu também pode ser uma âncora para atrair fluxo de pessoas se estiver combinada com uma estrutura de comércio e lazer.
Não tenho esperanças que o poder público capitaneie esse processo, por mais que o atual governo municipal esteja colaborando para a preservação física do sítio histórico. Não é provável, não é viável. E mesmo que houvesse uma capacidade deste governo de fomentar a atividade econômica por lá, quem garante que o próximo não irá estragar tudo?
Um bom começo para o governo é não atrapalhar. Tem que haver regulamentação para empreender na região, mas é preciso haver celeridade nos processos administrativos de quem queira investir e se sujeite às regulamentações necessárias. Porém, celeridade administrativa para os empreendedores é algo que não apenas não ocorre na atual administração, como é precisamente um de seus maiores problemas. E provavelmente continuará sendo nas próximas.
Mas existe sim um razoável potencial econômico para aquele sítio histórico, todavia, é uma operação complexa. E eu escrevo esse texto para fomentar o debate a respeito disso. Quem sabe não nasce daí o interesse de algum investidor abnegado e de algum gestor público disposto a dar as mãos ao capital privado para o bem daquela região? Quem sabe?
Na próxima semana vamos especular sobre o potencial econômico daquela área.