Grande parte do apoio à Lava Jato foi dado por aqueles que hoje podemos chamar de bolsonaristas. Os conservadores brasileiros eram os principais alicerces populares daquelas multidões que deram força política e legitimidade à Lava Jato.
Sergio Moro não é um conservador. Pelo pouco que sabemos do seu confuso entendimento da política, ele poderia ser identificado com aquele grupo que oscila entre a social-democracia e um liberalismo econômico de ocasião. Uma new left mais light. O isentão tucano-novista*.
Por que Moro cavou um espaço no Governo Bolsonaro? Podemos conjecturar alguns motivos. Uma coisa é inegável: ele pretendia sugar um pouco mais da força conservadora que julgava ser sua para, após apunhalar Bolsonaro com uma jogada que julgava perfeita, assumir a dianteira de toda aquela massa que foi as ruas e elegeu Bolsonaro.
Mas Bolsonaro desmascarou Moro e os conservadores seguiram com o Presidente. Bolsonaro é indiscutivelmente o único líder conservador do país desde há muito tempo.
Analfabeto político, Moro não faz ideia do que aconteceu. Como é próprio do tucano-novistas que não compreendem e não dão à política a importância fundamental que ela tem. Não foi à toa que o PT venceu os tucanos em quatro eleições seguidas.
Os lava-jatistas não-conservadores (ou isentolândia tucano-novista) tinham certeza que a eleição de 2018 devolveria o Planalto para o PSDB. Bolsonaro estragou os planos e deve estragar novamente no ano que vem.
Curiosamente esses isentões que hoje sonham com Moro, Huck, Mandetta, Doria ou qualquer porcaria insípida desse tipo na luta pela Presidência, acreditam ou dizem acreditar que Bolsonaro sepultou a Lava Jato. A dificuldade de entender o Brasil e a importância da política continuará fazendo com que essa turma fique bem longe do Planalto por mais um tempo.
Dos protestos de 2013, passando pela Lava Jato até o cenário atual, muito pouca gente compreendeu o que aconteceu e acontece no Brasil. Isso é resultado de analfabetismo político, descolamento com o mundo real dos brasileiros combinados com a arrogância própria dos burros.
O tucano-novismo ressuscitou Lula, destruiu a “Lava Jato” (entendendo como tal um combate implacável à corrupção no Estado) e está culpando Bolsonaro que, seguirá sendo a única alternativa à cleptocracia petista.
Se o bolsonarismo conseguir se organizar de forma partidária, sua principal deficiência, conservadores e socialistas seguirão sendo as duas principais forças políticas do país nas duas próximas décadas, pelo menos.
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* Superficialmente, podemos afirmar que o tucano-novismo é a patologia político-intelectual dos que negam a política e a cultura como os elementos que determinam a conquista do poder real. O termo tucano-novismo faz referência aos grupos políticos ligados ao PSDB e ao partido NOVO, que são constituídos por indivíduos, em regra, portadores dessa doença.