Não é por acaso que todo regime autoritário mira a Câmara dos Deputados. Com seus prós e contras, os deputados federais são os principais representantes da soberania popular. E é por isso, que não há ditadura que seja indiferente a essa Casa. A Casa do Povo. Presidir a Câmara significa, portanto, uma grande responsabilidade. E o deputado Arthur Lira (PP/AL) está acumulando escorregões.
Os mais recentes foram o episódio em que Washington Quaquá (PT/RJ) agrediu um colega no plenário. E, agora, mais uma absurda ordem judicial contra um deputado federal fazendo de Carlos Jordy (PL/RJ) a vítima da vez.
ABUSOS EXTERNOS
O esculacho do Judiciário contra a Câmara é tamanho, que o ministro responsável pela ordem sequer ligou para Arthur Lira para avisar que procederia dessa forma contra um membro da Casa. O vilipêndio dessa vez foi contra a autoridade do próprio Lira e não apenas contra a instituição.
No imiginário popular e até mesmo na ciência política há a ideia de que ditaduras são comandadas por chefes de Estado ou de Governo, ou seja, pelo Poder Executivo. Não há mais espaço para ditaduras convencionais na comunidade internacional das grandes nações. É por isso que, como já explicamos, hoje vivemos o fenômeno da Juristocracia.
A aparente legitimidade do Judiciário permite tudo, pois essa modalidade ditatorial ainda não está clara para quase ninguém. Sobretudo porque a mídia, os acadêmicos e demais formadores de opinião são, em sua maioria, apoiadores do projeto de poder da juristocracia nacional.
ABUSOS INTERNOS
Acumulam-se casos e mais casos de mandatos de deputados desrespeitados pela ação do Poder Judiciário, mas Lira finge que não é com ele. Além disso, a depender da vítima e do autor, nem mesmo a quebra de decoro importa mais para Arthur Lira. Haja vista a barbaridade cometida por Washington Quaquá contra o colega Messias Donato (Republicanos/ES), que levou um tapa e, covardemente, não reagiu. Ficou tudo por isso mesmo.
LIRA NÃO ESTÁ À ALTURA DO CARGO
Lira é político inegavelmente habilidoso e tem fama de ser sujeito de palavra. Não duvido. Mas não é um estadista e não está à altura do cargo, que exige a compreensão do momento histórico à luz dos valores democráticos e constitucionais e a defesa do Poder Legislativo das sanhas autoritárias.
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