Não recomendo a ninguém que o faça para se informar, mas confesso que leio os grandes inimigos do país todo dia pela manhã. Folha, O Globo, Estadão, Extra, O Dia, pelo menos. A tarefa é de estudo e observação.
Com isso, observo como o establishment está instrumentalizando esses “papéis de embrulhar peixe” para a construção das narrativas que pretendem enfraquecer e derrubar o Presidente que impôs grandes prejuízos a ele.
Em recente texto publicado nesse blog eu recomendei àqueles que tenham anticorpos que fizessem o mesmo. É bom aprender como o inimigo age.
E não há um dia sequer em que, pelo menos uma dúzia de articulistas desses jornais – notadamente aqueles que recebiam centenas de milhares de reais de dinheiro público por palestras até 2018 – não falem com indignação que o Presidente é bobo, feio, chato, não sabe se comportar no cargo, não age com decoro, é baixo nível, etc.
Essa afetação moral pequeno-burguesa dos palpiteiros – ausente nos anos em que tivemos um alcoólatra e uma incapaz na Presidência – é meramente retórica, é verdade. Eles a usam contra um político ao qual fazem oposição e estão pouco se lixando para o fato dele ser assim. Todavia, eles realmente não conseguem compreender como o povo não se incomoda com Bolsonaro, mesmo com o estímulo da imprensa para que o povo rejeite seu comportamento.
Bolsonaro foi eleito e faz sucesso até hoje porque a sociedade se sente vingada por ele. Ele é tosco, não respeita a liturgia do cargo, quebra o decoro o tempo todo e foi para isso mesmo que ele foi escolhido pela maioria dos eleitores.
Uma grande parcela da sociedade brasileira se cansou de respeitar o Estado, as instituições, os políticos. O establishment (ou as elites, num tratamento menos preciso, porém mais comum) cansou de prometer e não entregar. Os pactos entre a nação e os grandes vetores de poder fracassaram. Houve avanços nos últimos cem anos? Houve, porém foram avanços tortos, muitos brasileiros ficaram para trás.
Um povo em que metade de seus membros vive sem saneamento básico não quer saber de decoro, muito pelo contrário
Muito foi prometido e pouco foi entregue ao longo de décadas. O povo aceitou a renúncia às liberdades civis nas ditaduras. O povo aceitou pagar mais impostos nas experiências pseudodemocráticas. Mas a contrapartida sempre retornou tímida, insuficiente e para poucos
Bolsonaro foi eleito não apenas porque pode mudar algumas coisas, mas porque seguramente vai esculachar com muitos dos que prometeram e não entregaram. Observem com atenção quem são aqueles que ele ataca.
É evidente que alguns culpados pelos nossos tímidos avanços civilizacionais estão ao lado de Bolsonaro no governo. Os militares e o Centrão estiveram no poder no passado e têm sim sua contribuição nessa grande fraude que é nossa experiência republicana. Mas para seguir adiante no governo Bolsonaro precisava se aliar a alguns grupos de poder. Aliou-se aos que historicamente prometeram menos e, por isso, são menos odiados.
Durante sua campanha para a Presidência, Bolsonaro foi indagado sobre qual legado gostaria de deixar após governar e respondeu que pretendia entregar um país mais liberal. Na cabeça limitada de muitas pessoas, um país mais liberal é apenas um país que se livra de empresas e companhias estatais. Isso também importa, mas um país mais liberal é muito mais que isso.
Bolsonaro está na Presidência para esculhambar aqueles que nos enganam há décadas, para desmoralizar as “instituições” já que elas não tem legitimidade ao ignorar o povo, para entregar o Poder Executivo ao serviço da nação, que não se sirva dos brasileiros, mas sirva os brasileiros somente naquilo que os próprios cidadãos não podem fazer sozinhos
Esculachar e desmontar esse Estado, na medida que as circunstâncias de um Estado de Direito permite. Sim, porque desmoralizar os protocolos e as instituições não significa negar a democracia. Bolsonaro não é e não quer ser um ditador que faz o que quer, como sugere todos os dias a grande imprensa, a despeito dos fatos dizerem o contrário. Ele precisa do Congresso para governar e constantemente tem suas funções usurpadas pelo Judiciário. Tem as limitações políticas e constitucionais. Não conseguirá tudo, mas tem feito o possível.
Continue assim, Presidente