A Avenida Governador Amaral Peixoto já viveu diversas experiências. Já foi uma rua residencial, converteu-se em área comercial, porém com tráfego de veículos. Tempos depois passou a ter um trecho longo transformado em calçadão de pedestres e consolidou-se como uma das maiores centralidades comerciais do estado do Rio de Janeiro.
E eu destaco essa existência multiuso da avenida para mostrar que nada é para sempre na dinâmica urbana. A diminuição do fluxo de pedestres no calçadão com a consequente diminuição no faturamento das empresas – o que reflete na diminuição do valor imobiliário dos imóveis e da oferta de emprego na cidade – é um sintoma de que a vocação atual desempenhada por esse mercado popular está mudando.
Havia diversos motivos para que o calçadão “bombasse” no passado: não havia concorrência dos shoppings e dos comércios dos bairros periféricos e das cidades vizinhas, por exemplo. Outro fator é que se antes o movimento pendular dos trabalhadores exigia que eles passassem pelo centro de Nova Iguaçu a caminho do Rio de Janeiro, hoje isso não se faz mais necessário para muitos, já que a oferta de ônibus saindo dos bairros diretamente para a capital vem aumentando ao longo das últimas décadas.
Porém, há ainda muitas pessoas que mantém o hábito de frequentar o calçadão de Nova Iguaçu e continuam sendo fregueses de muitas lojas, apesar da facilidade de comprar em outros lugares. Em grande parte é o que sustenta o fluxo de pedestres. Mas as novas gerações já não terão mais esse costume se uma nova vocação não for desenvolvida.
Esse é um assunto de interesse público. O calçadão de Nova Iguaçu é uma referência e, por ele, entra muito dinheiro em nossa cidade vindo de consumidores de outros municípios, por exemplo. Essa circulação de capital fomenta empregos diretos e indiretos, arrecadação de impostos e todo um ciclo econômico da maior relevância.
As sucessivas vocações da avenida sempre surgiram de forma espontânea, mas não me parece que continuaremos a dar essa sorte. É preciso um debate entre as associações comerciais, os investidores, os empresários e o poder público, orientados por consultores, de modo a não perder esse ativo valiosíssimo do nosso município.