No último domingo, uma famosa coluna de um famoso jornal da grande mídia informou que uma pesquisa indicou que o povo do Distrito Federal não está muito disposto a votar no atual ministro da Justiça nas eleições deste ano. Anderson Torres pretende candidatar-se ao Senado Federal. Li a notícia, mas não dei muita importância.
No dia seguinte, vi um bafafá sobre um filme baseado em um livro do apresentador Danilo Gentilli, do SBT e uma cena que naturaliza a pedofilia. A bafafá fazia sentido, mas a reação precisava ser inteligente.
Na terça-feira, o ministro Torres decidiu censurar politicamente o filme com uma canetada. Ao tomar conhecimento da barbaridade, lembrei da pesquisa. O ministro viu na situação uma possibilidade de autopromoção.
A atitude do ministro já seria criticável por si mesma ao ter tido como motivação a promoção do seu nome e, ainda, se valendo da censura. Mas o problema vai além: ela contradiz o discurso e a ação política do presidente. Pior: se alinha a um método dos adversários de Jair Bolsonaro.
Um canal conservador de notícias e opinião foi fechado pela censura do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Jornalistas e militantes foram presos por serem conservadores. Um jornalista, inclusive, afirma que sofreu tortura na prisão. Os conservadores têm sido vítimas desse método e o ministro resolve colar no governo um mal que é do inimigo.
Bolsonaro deveria ter demitido Anderson Torres? Sim. Eu não tenho dúvida que o Presidente da República desaprovou a censura. Porém, por mais que pareça contraditório, a iminente saída do ministro para sua aventura eleitoral deve ter levado o presidente a avaliar que talvez fosse melhor esperar até o final do mês e deixar o assunto morrer.
A censura não foi cumprida. No que fizeram muito bem os que receberam a ordem de tirar do ar. A cena do filme é asquerosa e a historinha dos responsáveis pelo filme de que se trata de um vilão, blá, blá, blá, não cola. Sabemos que a intenção é ir anestesiando a sociedade com situações absurdas até que elas se tornem normais.
Mas a censura não é o caminho. Nem político, nem jurídico, muito menos o de maior eficiência. Anderson Torres promoveu o filme e despertou mais interesse sobre ele. Os seus realizadores lucrarão ainda mais. Mais jovens verão aquela cena e se acostumarão com o bizarro. Uma grande burrice.
O ministro desanimado com as pesquisas, achou que posar de durão e censor lhe renderia intenções de votos. Duvido muito. Espero que ele não seja o candidato ao Senado do presidente no Distrito Federal. Precisamos de alguém mais competitivo e politicamente mais maduro para vencer e ajudar o Brasil a vencer a censura do STF no Senado.