“Se dizemos ter comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não seguimos a verdade”.
(1 S. João 1,6).“O Bispo aceite de bom grado o parecer dos leigos sobre os problemas diocesanos, em função da sua competência, sabedoria e fidelidade, tomando-o com a devida consideração. Tenha igualmente presentes as opiniões sobre os problemas religiosos ou eclesiais em geral, expressas pelos leigos nos meios de comunicação como jornais, revistas, círculos culturais, etc. Além disso, respeite a liberdade de opinião e de ação que lhes cabe na esfera secular, mas sempre na fidelidade à doutrina da Igreja”.
(Apostolorum Sucessores, 108).
Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Uma grande parte da imensa comunidade católica no Brasil tem se sentido atraiçoada, triste e decepcionada.
A vida em Igreja não é fácil e é comum vermos coisas que nos chateiam. Somos uma comunidade de seres humanos e é natural que existam desencontros e desacertos até mesmo no meio cristão.
A despeito da experiência que sempre tivemos, dessa vez a decepção foi mais forte. Imaginem só como se sentiria um filho que sempre se imaginou amado e protegido por seus pais se, a pretexto de protegê-lo, colocassem em grave risco, machucando-o seriamente.
Além de machucada, a criança se sentiria a partir daquela decepção uma grande sensação de insegurança. Em quem ela poderá confiar?
Muitos católicos estão hoje com essa sensação. Nós somos formados para ter um profundo respeito ao episcopado. O bispo é para um católico uma autoridade muito prezada e respeitada. Mas a nossa conferência episcopal nos colocou em grande risco.
À guisa da promoção do diálogo dos católicos com outras comunidades religiosas, nossos bispos entregaram a chave da nossa casa para Satanás.
Fiéis depositários da fé apostólica, entregaram a um tal CONIC, na pessoa de uma pastora que evangeliza com os postulados da Escola de Frankfurt, a tarefa de “desenhar” o texto do já mais que cinquentenário exercício quaresmal da Campanha da Fraternidade de 2021.
Não estou dizendo que a tal pastora ou os demais membros do tal CONIC são o próprio Satanás. Não é minha intenção atacar a dignidade deles enquanto filhos de Deus, mas não podemos negar que a postura dela e de muitos dos seus sequazes é de promoção da obra do Inimigo.
E é essa a sensação de decepção que tem amargado a boca de muitos dos católicos brasileiros nas últimas semanas. Fomos entregues tais quais cordeiros para os lobos por nossos pais, os bispos.
Não neguem, senhores bispos. Não há como negar. Culposa ou dolosamente, os senhores nos entregaram como ovelhas para os lobos. Arrependam-se, peçam perdão a Deus, mas não neguem. Aquele que tudo vê não pode ser enganado.
Mas Satanás não tem outras armas além da mentira e da confusão. É muito pouco. E Deus, que nunca nos deixa órfãos e que prometeu a S. Pedro não deixar as portas do inferno prevalecerem sobre a Sua Igreja, usou Pedro para chamar os senhores bispos à razão.
Ainda que o Papa Francisco não se dirigisse diretamente aos bispos do Brasil, sua alocução no Angelus Domini do último domingo (21/02) acertou no que não viu. Disse o Papa:
“A graça de Deus assegura-nos, através da fé, oração e penitência, a vitória sobre o inimigo. Mas gostaria de salientar uma coisa: nas tentações Jesus nunca dialoga com o diabo, nunca. Na sua vida, Jesus nunca teve um diálogo com o diabo, nunca. Ou o afasta dos possuídos ou o condena ou mostra a sua malícia, mas nunca dialoga com ele. E no deserto parece haver um diálogo porque o diabo lhe faz três propostas e Jesus responde. Mas Jesus não responde com as suas palavras; responde com a Palavra de Deus, com três passagens da Escritura. E é isto que também todos nós devemos fazer. Quando o sedutor se aproxima, começa a seduzir-nos: “Mas pensa isto, faz aquilo…” A tentação é entrar em diálogo com ele, como fez Eva; e se entrarmos em diálogo com o diabo, seremos derrotados. Colocai isto na cabeça e no coração: nunca dialogar com o diabo, não há diálogo possível. Apenas a Palavra de Deus”.
“Nunca dialogar com o diabo”. Não se dialoga com quem promove a morte de bebês não-nascidos. Não se dialoga com quem acha um barato rasgar e queimar a Sagrada Escritura. Não se dialoga com quem acredita que a Igreja é “resistente” à agenda frankfurtiana.
Não, não somos apenas resistentes. Nós somos a Igreja. Enquanto Igreja somos impermeáveis ao erro doutrinário porque cremos nas promessas de Cristo e ele nos afiançou que o mundo nunca prevaleceria sobre Seu Corpo Místico.
Senhores bispos do Brasil, suas excelências nos entregaram de bandeja para o diálogo com Satanás. Se há um país e um povo que não se nega ao diálogo é o povo brasileiro e, em especial, o povo católico. Somos a nação do diálogo.
Convivemos muito bem com nossos irmãos que estão fora da comunhão com Jesus e Sua Igreja. Seguiremos convivendo. Podemos dialogar com qualquer um, mas não confundiremos nunca diálogo com negociação. Nós não temos margem para ceder no diálogo, porque agimos na justeza da Verdade revelada, aquela que foi confiada aos senhores bispos, que a receberam e deveriam zelar pela sua transmissão.
Transmitam o que receberam. Assim, onde estiverem os bispos, estará o povo.
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Post Scriptum:
Aos senhores bispos que se opuseram ao texto da CF 2021, vos poupo desse desabafo e vos saúdo, pedindo a vossa benção.
Aos que apoiaram abertamente o texto da CF, lamento, mas, ao menos, os senhores não foram mornos e mostraram quem são.
Aos que se opuseram intimamente, mas se calaram, permitindo a promoção do texto em suas jurisdições, suas excelências talvez tenham prestado um bom serviço às suas “carreiras”, evitando desgastes. Mas, nem quentes, nem frios, convém pedir o perdão a Deus pela tibieza.