O conservadorismo no Brasil andou dormente por mais de um século. Desde o golpe militar contra a Monarquia, o pensamento conservador sumiu da vida pública e foi substituído pela sanha revolucionária do positivismo dos militares, do fascismo de Getúlio Vargas e do socialismo dos últimos 40 anos. Com o pensamento de Olavo de Carvalho e a liderança política de Jair Bolsonaro, o Brasil redescobriu sua vocação política conservadora.
O espírito revolucionário também grassou em Portugal no século XX. O regícidio e o golpe que derrubou Dom Manuel II, a caótica república pré-salazarista e os últimos 45 anos posteriores ao 25 de abril só não destruíram Portugal porque a astúcia e a austeridade de Oliveira Salazar estiveram no meio dessa história.
Mas, ao que parece, o reinado do pensamento único na política portuguesa parece estar ameaçado. Se Portugal viveu as últimas décadas com uma política semelhante à brasileira dos tempos de PSDB e PT, quando o que havia de mais à direita era a centroesquerda tucana, recentemente os socialistas têm arrancado os cabelos com a ascensão de um político corajoso que não se acanha em ser politicamente incorreto.
O deputado André Ventura tem 37 anos e nasceu no município de Sintra, vizinho a Lisboa. Recentemente fundou o partido CHEGA! que já apresenta-se como terceira força política na preferência dos portugueses em pesquisas recentes, atrás apenas daqueles que são o PT e o PSDB portugueses, respectivamente, o Partido Socialista e o Partido Social Democrata.
Quem assiste Ventura nos seus embates com o establishment português não tem como não lembrar de Jair Bolsonaro. Ventura é mais sofisticado no discurso que o Presidente do Brasil, mas não menos assertivo. Nos debates não dá espaço para os ataques covardes e as mentiras dos opositores, as únicas armas possíveis contra ele. Não há um só debate do qual Ventura não saia vencedor com boa vantagem.
O comportamento dos adversários por lá repetem a mesma receita daqui: expressões de desdém, nojo, deboche seguidos de ofensas como fascista, racista e afins, culminando no prosaico ataque de fúria ao final.
Ventura retirou toda a classe política portuguesa da zona de conforto em que foi colocada desde a queda de Oliveira Salazar de uma cadeira no Forte de Santo Antônio da Barra, no Estoril, em 1968.
Desde então, toda sorte de barbaridades feitas naquele país se justifica por serem protagonizados pelos antigos opositores ao regime salazarista que, a despeito de gozar de grande popularidade entre os portugueses, foi paradoxalmente transformado em lembrança demoníaca e repositório de todos os pecados daquele país.
Mas, a despeito dos problemas ocorridos durante os quarenta anos de Salazar no comando de Portugal, a realidade se impõe como algo bem diferente da narrativa criada pelos socialistas. E o povo português começa a tomar coragem para dizer sem medo de ser apontado como um demônio que o socialismo e suas vententes mais ou menos radicais não são o caminho que Portugal precisa para ser o grande país que sempre foi, apesar de seu pequeno território europeu.
Os socialistas despiram Portugal de toda a grandeza edificada ao longo de 800 anos. Entregaram de mão beijada todos os territórios ultramarinos e as riquezas que o gênio português produziu neles. Se uma nova realidade se impunha a Portugal com o fim do colonialismo, não era a renúncia covarde da obra portuguesa o único, tampouco o melhor caminho.
No coração dos portugueses sempre existiu uma chama que não se apaga e que compreende a grandeza do pequeno Portugal no concerto das nações. Portugal é um país único e seu povo sabe disso. É o Davi das nações. Aquele pequeno recanto europeu que produziu prodígios.
Foi o povo português que iniciou o processo de globalização, que construiu o país que viria a ser o celeiro do mundo e a segunda maior democracia do Ocidente, que levou a mensagem de Jesus Cristo aos quatro cantos do mundo, e foi pioneiro na tecnologia das navegações que transformaram a história humana.
A mediocridade à qual os socialistas levaram Portugal não conseguiu apagar essa chama. A nação portuguesa, ainda que inconscientemente, se ressente de não estar cumprindo seu destino histórico. André Ventura parece estar compreendendo esse vazio no peito do povo português, ainda que seu discurso se concentre na política do dia a dia e não em um novo projeto de nação para substituir a mediocridade socialista.
É possível que o pulo do gato que um dia levará Ventura ao topo seja este: guiar Portugal para um caminho que recoloque o país em papel de destaque entre as nações do século XXI. A consciência que um dia tiveram homens como o Rei Afonso Henriques, Nuno Alvares, o Mestre de Avis, D. João IV, Pombal, D. João VI, D. Pedro IV, D. Luiz e Oliveira Salazar. O primeiro passo já foi dado: dizer CHEGA! ao socialismo.