O desenvolvimento econômico é um processo longo e precisa ser consistente para que seja identificado como tal. Para avaliar o desenvolvimento econômico de Nova Iguaçu é preciso olhar para a cidade com a visão de desde vinte, trinta anos atrás até nossos dias.
Não temos condições de exaurir o tema que demandaria um estudo científico que ninguém fará. Mas é preciso tentar estimular um debate a respeito, apesar do pouco ou nenhum interesse que o tema desperta nem mesmo entre aqueles que investem seus recursos na economia iguaçuana e vivem do que ela produz.
Esse desinteresse geral pelo assunto também é um dos problemas da nossa economia, mas apesar de feito esse registro, não será disso que falaremos.
A ECONOMIA IGUAÇUANA NOS ÚLTIMOS TRINTA ANOS
Se analisarmos o desenvolvimento da economia de Nova Iguaçu no período trintenário de 1990-2020, temos que levar em conta que no instante inicial do nosso recorte histórico a cidade vinha de uma perda considerável de seu território com as emancipações, o que acarretou perda de receita nas finanças da Prefeitura, que é a locomotiva econômica do município, e o dever de assumir o passivo que esses novos municípios ajudaram a criar enquanto faziam parte de Nova Iguaçu.
Além disso, houve também a perda de praticamente todo nosso parque industrial e das muitas outras empresas que estavam sediadas nos distritos emancipados.
O ciclo político inaugurado pela Constituição de 1988 que fez dos municípios entes da federação e com capacidade financeira que jamais tiveram no passado, permitiu que muitos deles evoluíssem bastante Brasil afora. Porém, para nós o ciclo começou em desvantagem por conta das emancipações.
Somaram-se a esse cenário desfavorável as duas administrações municipais pedetistas capitaneadas por Aluisio Gama e Altamir Gomes, que terminaram de arrasar com qualquer chance de avanços. Investir em Nova Iguaçu era algo fora de cogitação para quem tinha alternativa.
Na administração seguinte, um sopro de esperança bafejou sobre Nova Iguaçu com o desenvolvimento do plano estratégico com ampla participação da sociedade, comandado pelo arquiteto Vicente Loureiro. Também eram os primeiros anos do Plano Real. Nova Iguaçu tinha boa representação no Congresso Nacional, além do alinhamento partidário entre Presidente da República, Governador e Prefeito.
Nesse tempo tivemos muitos investimentos públicos em infraestrutura e à reboque vieram alguns investimentos privados. Foi um curto período, mas que para um município completamente destruído até bem pouco tempo, parecia sinalizar novos tempos.
Mas não era um crescimento consistente. Não houve considerável ampliação do capital privado investido na cidade, tampouco do emprego e da renda dos trabalhadores/consumidores. Era apenas um crescimento à reboque do crescimento do país gerado pelo Plano Real em combinação com os investimentos públicos.
Na década seguinte o fenômeno aconteceu novamente: o país cresceu com a alta das commodities e com a ampliação da oferta do crédito. Houve investimentos públicos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e investimentos imobiliários privados financiados pelo crédito subsidiado. Mais uma vez houve uma falsa sensação de desenvolvimento local.
Na última década, a maior crise econômica de nossa história ajudou a levar nossa economia para a depressão que ora vivemos. A inação das administrações locais só ajudaram a agravar a situação conforme já tratamos em outro artigo.
O PROBLEMA
É evidente que Nova Iguaçu sempre estará sujeita aos ventos e tempestades, bem como se beneficiará dos dias prósperos da economia brasileira. Mas esse pequeno resumo da nossa recente história econômica demonstra que não temos vida econômica própria, dependemos sempre dos movimentos do investimento público e do crescimento nacional para avançar.
Se considerarmos que nos próximos anos o investimento público não se expandirá, muito pelo contrário, e que a economia iguaçuana já vai muito mal, estaremos condenados à estagnação e à pobreza se não mudarmos os paradigmas de ação da nossa gestão política e de seu relacionamento com o capital privado.
A decadência da economia de Nova Iguaçu foi acelerada nos últimos cinco anos. Batemos recorde de desemprego e muitas empresas fecharam. O Calçadão da Av. Amaral Peixoto recebe cada vez menos transeuntes. Uma das principais centralidades comerciais do Estado do Rio está cheia de imóveis desocupados.
Vivemos um momento decisivo para o futuro de nossa terra. Será inevitável a favelização do município sem mudança de paradigmas na gestão da municipalidade e na sua relação com o capital privado, bem como sem o fim do acovardamento dos empresários em relação ao poder público e à concorrência que precisa vir com investimento de fora da cidade.
Continuaremos em outro artigo.