Acredito que comecei a falar desse assunto quando Nova Iguaçu completou 180 anos. Há 11 anos, portanto. Neste 15 de janeiro de 2024 completaremos 191 anos de nossa autonomia municipal. Lamento que, passado esse período, eu não tenha conseguido sensibilizar ninguém sobre a importância disso que venho defendendo a respeito de nosso Bicentenário.
Essas efemérides geralmente são celebradas de forma tímida no Brasil. O caso do Bicentenário da nossa Independência, por exemplo, foi o grande exemplo desse desprezo brasileiro às coisas simbólicas do civismo. Como se não fossem justamente os simbolismos os grandes motores do ser humano.
Estão aí o Natal, Ano Novo, Páscoa, Carnaval, nossos aniversários pessoais, as vitórias esportivas, as festas religiosas, dentre tantos outros símbolos da nossa rotina que nos motivam a fazer grandes festas e grandes esforços. Mas o simbolismo cívico não empolga o brasileiro.
Isso é reflexo da nossa imaturidade como nação e de nossa cidadania. O civismo reflete a ideia de pertencimento a uma comunidade. E quando há um genuíno civismo, as lutas pelo bem comum acontecem.
Por esse desinteresse geral, as grandes datas cívicas acabam se tornando apenas um motivo para os Correios produzirem um selo comemorativo, para a Casa da Moeda cunhar uma medalha ou para que se promova um festival com cantores de axé music e sertanejos contratados a peso de ouro.
SONHAR (AINDA) NÃO CUSTA NADA
Mas, como os sonhos escaparam da recente reforma tributária apresentada pelo Governo Federal, aprovada pelo Congresso e que criou o imposto mais caro do mundo, ainda é possível sonhar, porque não custa nada.
O que venho falando nesses 11 anos sobre a importância do nosso bicentenário é a oportunidade de criação de uma agenda de consenso dos iguaçuanos em torno de algumas metas para alcançarmos até 15 de janeiro de 2033. As metas que há 11 anos poderiam ser muito ambiciosas, agora terão que ser menos grandiosas, afinal, o tempo é menor. Mas, ainda assim, há condições de fazer grandes avanços.
Neste ano elegeremos um novo prefeito para Nova Iguaçu. Quem sabe no aniversário de 192 anos de nossa autonomia, daqui a um ano, o novo gestor não cria uma Secretaria Extraordinária para o Bicentenário? Afinal, sonhar (ainda) não custa nada.
O novo prefeito poderá ser reeleito e, assim, deixar a prefeitura em 31 de dezembro de 2032, quinze dias antes do Bicentenário. O legado estaria pronto ainda no mandato deste próximo prefeito, dada a proximidade com a data em que chegaremos aos 200 anos.
Um projeto de consenso paralelo ao programa de governo do próximo prefeito poderia captar a colaboração de políticos de todos os matizes. Seria um projeto de cidade e não de um governo. Sem prejuízo dos inegáveis méritos do gestor que tivesse a grandeza de colocar algo assim em prática.
Ainda dá tempo. Uma estrutura de natureza extraordinária pode ser criada pela nova gestão para esse planejamento, para as negociações e as posteriores execuções do que for planejado. Espero que seja a última vez que eu escreva sobre isso, porque se tiver outra coluna sobre o tema, já será para lamentar a oportunidade perdida. Pois não haverá mais tempo para algo relevante e teremos que nos contentar com os sertanejos e o axé music.