O dicionário norte-americano Merriam-Webster escolheu o verbete “gaslighting” como palavra do ano de 2022. A escolha decorre de um aumento de 1.740% em relação ao ano anterior nas procuras pelo vocábulo no site do dicionário neste ano.
De acordo com o Merriam-Webster, gaslighting é “o ato ou prática de enganar alguém grosseiramente, especialmente para [obter] vantagem pessoal“. Mas o termo também pode ser aplicado para se referir a grupos de poder que pretendem manipular a massa.
E a manipulação em massa tem vivido um momento de glória no Brasil. Nunca se viu um feito de tamanha envergadura como a construção de uma narrativa que gerasse a tolerância de uma nação inteira a tantas barbaridades judiciais e políticas como as que culminaram com o que Geraldo Alckmin chamou de “retornar à cena do crime”.
Vimos um condenado criminalmente ser retirado da cadeia e proclamado presidente eleito com mudança casuística na jurisprudência, com anulações de processos com base em uma tese tosca, com o vilipendio de garantias e direitos fundamentais de diversos cidadãos e tudo isso feito em nome do exato oposto do que esses atos representam: tudo em nome da “democracia”.
Eis um caso gigantesco de gaslighting. Uma gigantesca manipulação da linguagem para fazer com que o velho patrimonialismo voltasse ao seu lugar de brilho e reverência até a ascensão de Bolsonaro ao Planalto.
Democracia virou o uso desavergonhado e violento das instituições pela velha clientela de sempre através de seus lacaios em posições estratégicas do Estado. E tendo como ponta de lança o PT, fundado por muitos vagabundos e algumas pessoas de bem, dentre as quais, Raymundo Faoro, autor de “Os Donos do Poder”, o clássico que desnuda o nosso atávico patrimonialismo.
Alimentando a necessidade de lutar contra um fascismo imaginário de um Bolsonaro que só existe na propaganda inimiga, os donos do poder conseguiram construir uma narrativa através dos seus soldadinhos de chumbo da imprensa, da política e da academia, que justificou um sem número de ilegalidades e arbitrariedades cometidas em nome da democracia.
Gaslighting também poderia ser definido como “ato ou prática de enganar a massa grosseiramente, especialmente para obter vantagens para grupo(s) de poder”.
Tomara que o aumento das buscas pelo termo “gaslighting” decorra da curiosidade de brasileiros com o que está sendo feito no nosso país pelos donos do poder e seus capitães do mato.