Não vai ser preciso esperar o futuro chegar para conhecer os efeitos da inexplicável “estratégia” – se é que podemos chama-la assim – do Partido Liberal (PL) do Estado do Rio de Janeiro para as eleições deste ano. O 21 de abril de 2024 já tratou de mostrar a grande besteira que foi feita.
Se a intenção dos iluminados dirigentes era de fortalecer o bolsonarismo e apoiar Jair Bolsonaro com vistas às eleições de 2026, o Ato pela Democracia de Copacabana já passou recibo do fracasso.
APESAR DO PATRIOTISMO DE QUEM FOI, EVENTO FOI UM FRACASSO DOS LÍDERES DO RJ
Ainda que tenhamos colhido belas imagens e o público presente tenha feito uma bela celebração, é indiscutível que o fracasso foi retumbante.
Reunir cerca de 5% do público que foi à Avenida Paulista há menos de dois meses atrás é ridículo. Mostra a incapacidade das lideranças fluminenses em converter simpatia em adesão. E, pior: revela a falta de compromisso daqueles aliados que receberão apoio do PL, o maior partido do Brasil, nas eleições de outubro deste ano.
Quantos prefeitos aliados colaboraram com o envio de apoiadores ao evento? Quantos pré-candidatos aliados, que terão o PL nas suas fileiras, ajudaram na divulgação e promoção do Ato pela Democracia em suas bases? E o que fizeram de verdade os deputados bolsonaristas eleitos em 2022 para colocar gente no Ato?
Parabéns aos brasileiros que estiveram na Praia de Copacabana neste domingo, 21 de abril. Foram poucos pelo potencial que havia, mas os que foram merecem os aplausos. Contudo, só um cego não percebe que a política de alianças do PL fluminense não dará frutos. Pelo menos os frutos que espera a massa que votou no partido em 2022.
APOIO PARA QUEM NÃO APOIA O BOLSONARISMO
As lideranças do PL não estão trabalhando pelo conservadorismo e por uma estratégia de promoção do campo conservador. A política de renúncia ao dever de apoiar candidaturas conservadoras nos municípios será fatal.
O povo conferiu ao partido uma grande força, mas ela servirá nestas eleições, no estado do Rio, àqueles que nada contribuíram para transformar o PL no maior partido do Brasil. Pior: vai colaborar até com quem lutou contra em 2022.
E há muitas formas de qualificar essa estratégia. Uma “grande besteira” é a mais leve que consigo encontrar.
PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER
As vítimas dessa besteira são os conservadores que apoiaram Bolsonaro e seus deputados em 2022. O povo que confiou seu voto em massa a um partido que pegou esse capital político e entregou de bandeja para aliados e, em alguns casos, até para adversários, renunciando ao dever de fortalecer novas lideranças e aumentar a capilaridade do movimento conservador.
Ao apontar esse erro estratégico evidente, a reação seguramente será: “ah, mas o Lula não coloca nem isso”. Ou, ainda: “é feriadão no Rio, o povo viajou”.
Quem não quer ver o essencial, paciência. É evidente que a força de Bolsonaro no RJ não equivale a 5% da força dele em SP. Se o público do Rio foi muito inferior ao de S. Paulo, é evidente que a atuação e a organização do partido por aqui é muito inferior aos de lá.
Quem transforma o fenômeno Bolsonaro, no próprio estado em que ele atuou politicamente por 30 anos, numa manifestação daquele tamanho, logo após outra 20 vezes maior em outra cidade, deveria ser chamado à responsabilidade. Não é que tinha um pouco menos de gente, o que seria normal. Tinha 20x menos gente. O que mudou? Ao invés da cidade mais populosa do Brasil, ontem o evento foi na segunda cidade mais populosa e não em uma cidadezinha do interior.
Repito: quem não quer enxergar, paciência. Mas a realidade está aí batendo na nossa cara. Estamos tendo a prévia do que colheremos no Estado do Rio posteriormente, em 2026. Ninguém colhe o que não planta.