Para quem ainda não tinha compreendido bem o motivo que levou Lula a escolher Geraldo Alckmin para ser vice em sua chapa, hoje é um excelente dia para começar a entender.
Tomaram posse como presidente e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral nesta terça-feira, 22 de fevereiro, os senhores Edson Fachin e Alexandre de Moraes. Mas, na prática, os cargos agora pertencem à futura chapa petista à Presidência da República.
Edson Fachin ficará na Presidência até agosto, quando começa a campanha eleitoral. Dali em diante, Alexandre de Moraes comandará o órgão que organiza as eleições e apura os votos.
Edson Fachin é velho militante de esquerda. Poderíamos descrever seu curriculum vitæ socialista, mas não é preciso: basta lembrarmos que sua canetada livrou Lula das condenações penais que o impediam de ser candidato. Sim, o novo presidente do TSE recolocou o condenado Lula no jogo eleitoral.
Alexandre de Moraes, por sua vez, é um filhote político de Geraldo Alckmin. Foi o então governador Alckmin que em 2002 nomeou o jovem Alexandre, então com apenas 33 anos, Secretário de Justiça do Estado de S. Paulo, onde permaneceu por mais de três anos. Alckmin ainda nomearia o seu menino em outro mandato para comandar a Secretaria de Segurança Pública de S. Paulo.
Tucaníssimo, Moraes contou mais adiante com todo o apoio dos barões do PSDB, sobretudo Alckmin, para assumir o Ministério da Justiça do Governo Temer e para ser indicado para o Supremo Tribunal Federal.
Pode-se dizer tudo de ruim a respeito de Lula, que será verdade. Mas, não que ele seja burro para as coisas da política. Com Alckmin, ele soma Alexandre à sua coleção de ministros do STF e ainda garante no seu time o presidente do TSE durante as eleições.
A situação é bastante escandalosa e, mesmo que Fachin e Moraes tenham a pureza d’alma de um S. Francisco de Assis, a relação de ambos com seus líderes políticos tornam o quadro, no mínimo, constrangedor. Mas, se não estamos falando de santos, então, muito provavelmente, o tapetão é – mais do que nunca – todo de Lula.