É praticamente um clichê: “João Gilberto mudou os rumos da música brasileira”. Quando conheci a música, a mudança já estava consolidada e a música popular brasileira já era cantada por vozes comuns, sem impostação, sem vozeirões.
Mas eu gostava era dos vozeirões. E eles, que já tinham tido suas glórias, estavam marginalizados. E, instintivamente, eu atribuía culpa ao pobre João.
Uma bobagem que depois passou, sobretudo depois que comprei um CD com uma coletânea de músicas cantadas por ele. Por intermédio de “Doralice” e “Izaura”, a pinimba acabou.
João foi um escultor do ritmo. Seu cinzel, o violão.
Voz pequena, bem miúda, mas que fez com que esse baiano se transformasse numa das figuras mais imponentes da MPB.