Nomear logradouros não é fácil. Quando morre alguma figura de grande estatura, gestores públicos se veem na dificuldade de encontrar um espaço ainda não nomeado e digno da estatura do homenageado.
Há personalidades que exigem esforço. Tom Jobim morreu em 1994 e seu nome protagonizou uma história que virou novela. Na ocasião o prefeito Cesar Maia decidiu mudar o nome da tradicional avenida às margens da praia de Ipanema de Vieira Souto para Antônio Carlos Jobim. A família Vieira Souto e muitos cariocas não gostaram, apesar do merecimento de Tom. O prefeito voltou atrás.
O autor de Garota de Ipanema acabou no Aeroporto do Galeão em um arranjo esquisitíssimo que batizou o local de Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro Galeão/Antônio Carlos Jobim. Coisa bem brasileira, misturando tudo para não desagradar a ninguém.
Lembro ainda que em 2008 faleceu o maior radialista de todos os tempos, Haroldo de Andrade e cobrei o prefeito de então, Cesar Maia, a homenagem àquele curitibano de alma carioca. Ele me respondeu apresentando a dificuldade de encontrar espaço digno de Haroldo.
Anos depois, Eduardo Paes abriu uma pequena rua no Centro, relativamente perto da antiga sede da Rádio Globo, hoje sede do Infoglobo. Enviei um e-mail para Eduardo Paes sugerindo o nome de Haroldo para aquela pequena via e ele acatou.
Volto, então, a apresentar uma sugestão ao prefeito carioca neste momento da perda do Rei Pelé.
E o local não poderia ser outro: o Maracanã. O nome do pássaro maracanã batiza um rio, uma avenida e, informalmente, o estádio mais famoso do mundo. A gloriosa ave está mais que suficientemente homenageada.
A Avenida Maracanã pode e deve dar lugar ao nome de Pelé. Avenida Pelé, nada mais. Nada de Edson Arantes do Nascimento. Apenas Avenida Pelé.
Se a oposição ou os moradores da Tijuca oferecerem resistência, dada a tradição do nome da via, que, ao menos, o trecho entre a Radial Oeste e a São Francisco Xavier receba o nome daquele que, provavelmente, foi o maior brasileiro de todos os tempos.
Não podemos é correr o risco de ver um nome da estatura de Pelé submetido a situações como ocorreu a Chico Anysio que virou nome de “curva”. A Curva Chico Anysio fica na Barra da Tijuca e não é endereço de ninguém. Não significa nada.
Então, prefeito, fica aí a minha sugestão. Avenida Pelé, com o rei eternizado diante do seu palco querido, onde fez seu milésimo gol.
Avenida Pelé JÁ!