É curioso que a Direita brasileira se oriente por informações da mídia mainstream nessa altura do campeonato. Quando as noticias vêm do exterior, é sempre assim. Acreditam na Globo, na Folha e em todo o lixo que se publica nas redações dominadas pelos seus inimigos. É o que vimos neste domingo (10/03) a respeito das eleições legislativas portuguesas: a Direita brasileira comemorando a vitória da centro-esquerda portuguesa, só porque a mídia a chama, falsamente, de centro-direita.
UM RESUMO PARA ENTENDER A POLÍTICA PORTUGUESA
Vamos à explicação: em 25 de abril de 1974, houve uma revolução comunista em Portugal, a chamada Revolução dos Cravos. A coisa foi séria e Portugal viveu dias de radicalismo. Porém, em 25 de novembro do ano seguinte, um movimento das Forças Armadas pôs fim aos tempos de radicalismo comunista.
Contudo, a política portuguesa já estava alterada e nas décadas seguintes passou a viver um bipartidarismo com duas forças: o Partido Socialista, de esquerda, e o Partido Social Democrata, de centro esquerda.
Fazendo uma comparação com o Brasil pós-regime civil militar, lá havia uma dicotomia entre petistas e tucanos, que se alternam no poder desde o final da década de 70.
Lá como cá, a imprensa diz que o PS é a esquerda e o PSD é a direita ou centro-direita, tal qual PT e PSDB. Uma mentira, evidentemente.
Nos últimos anos surgiu uma terceira força que, a cada eleição, vem se consolidando: é o partido CHEGA. É o primeiro partido de Direita em 50 anos na terra lusitana. Na eleição deste 10 de março o Chega cresceu muito e mostrou que veio para quebrar o bipartidarismo, elegendo muitos deputados.
Porém, o vencedor da eleição foi o PSD, que está coligado com partido pequenos formando a AD (Aliança Democrática) e governará Portugal a partir de agora. E a AD não é de centro-direita como afirma a imprensa, é de centro-esquerda.
Dizer que a centro-direita venceu em Portugal seria como dizer que se Aécio Neves vencesse no Brasil seria uma vitória de direita ou centro-direita. Uma estupidez que só cabe na cabeça de petistas, evidentemente.
A propósito, o líder do PSD, Luís Montenegro, o novo primeiro-ministro, já disse que não se aliará ao Chega para ter maioria absoluta. Ou seja, desenhou para todos que não apenas é um homem à esquerda, como ainda faz questão de dar provas contundentes disso.
MAS HÁ O QUE COMEMORAR
A vitória do Chega é inegável, apesar de não ter ficado em primeiro lugar. Quase 20% do eleitorado que foi às urnas deu o seu recado de que cansou-se do bipartidarismo à esquerda e quer uma força conservadora relevante no panorama politico português. O Chega pulou de 12 deputados para 48 cadeiras na Assembleia da República.
Além disso, a Iniciativa Liberal, esta sim de centro-direita, manteve sua representatividade no parlamento com oito parlamentares.