Coisas importantes costumam ser desprezadas porque muitos não acham importantes. Para os que têm consciência da importância, resta sonhar e lutar. Foi sonhando e lutando que alguns iguaçuanos conseguiram realizar o sonho de reocupar de forma ordeira e metódica a área do que podemos chamar de parque histórico e arqueológico da Vila de Iguassú.
Na pessoa dos meus amigos Gabriel Barbosa e José Luiz Teixeira, cumprimento todos os demais envolvidos e responsáveis de alguma forma para a revitalização da Torre Sineira da antiga matriz da Freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Iguassú e do muro do cemitério de Nossa Senhora do Rosário.
Sempre que se falou em fazer algo por aquele sítio histórico, aparecia algum espírito de porco para dizer: ora, mas em uma cidade cheia de problemas na saúde e na educação nós vamos colocar dinheiro nisso aí?
O espírito de porco não consegue compreender, mas é preciso explicar. Nem só de pão vive o homem, senhor espírito de porco. As coisas de valor imaterial também são muito importantes. E, reparem todos os espíritos de porco, onde se preserva a memória, geralmente, a situação material é melhor do que onde ela é negligenciada.
O homem é corpo e alma. Nós não podemos criminalizar um homem que sai para se divertir em um final de semana após trabalhar por cinco dias só porque sua casa ainda não está com o emboço concluído. É melhor ser feliz em uma casa sem emboço do que infeliz em uma casa pronta.
E é por isso que eu proponho um debate (que não é importante para os espíritos de porco) para essa cidade que não debate: não deveríamos voltar a cogitar a mudança do nome de nossa cidade para aquele recebido no “batismo”? Afinal, somos uma Nova Iguaçu ou continuamos a ser a Iguassú de sempre?
As cidades costumam receber esse prefixo “Nova” quando realmente são fundadas cidades novas em lugares distantes por pessoas oriundas de algum lugar que se quer recordar ou homenagear. Alemães fundaram na serra fluminense uma nova Friburgo, nome de uma cidade alemã. Ingleses fundaram na América uma nova York, nome de uma cidade inglesa.
Mas no caso de Nova Iguaçu, não foi fundada uma nova cidade. Quando o núcleo central do município de Iguassú se consolidou no Arraial de Maxambomba, algum “iluminado” decidiu rebatiza-lo como Nova Iguaçu. Uma grande bobagem. A mesma Iguassú então passou a se chamar de nova. Como tudo que acontece por aqui, já naquele tempo ninguém contestava coisas absurdas. E estamos nós chamando a nossa Iguassú de Nova Iguaçu há um século.
Nunca é tarde para consertar os erros. A revitalização da Vila de Iguassú está nos relembrando que não somos nem uma nova, nem uma velha Iguassú. Somos eterna e simplesmente Iguassú.