Nova Iguaçu chega aos 188 anos de autonomia municipal com o velho comportamento de adolescente. Ignorando os desafios do futuro, só pensando nas pequenas necessidades do dia, não satisfaz o hoje e acumula problemas para o amanhã.
Escrevo sobre nossa cidade há mais de dez anos aqui no Correio da Lavoura e já tratei desse tema muitas vezes. Entretanto, nunca, em tempo algum, nem uma só pessoa manifestou intenção de tratar desse tema comigo.
Eu poderia crer que o problema sou eu e que outras pessoas estariam cuidando disso em outros grupos e foros. Doce ilusão. Ninguém pensa nas próximas gerações nessa cidade, como nossos antepassados não pensaram e nos legaram bolsões de extrema pobreza espalhados por cada canto da nossa área municipal.
O futuro de Nova Iguaçu, os objetivos e metas da cidade no médio e longo prazos, o nosso projeto de cidade, nada disso interessa a ninguém. Ninguém. Seguimos resolvendo as demandas do dia sem olhar para as próximas gerações, como um cachorro que corre atrás do próprio rabo.
Se há alguém que pensa nisso, certamente acha que esse é um problema para os outros resolverem. Os cidadãos e as empresas acham que é assunto da Prefeitura, a Prefeitura (em qualquer governo) ignora o assunto.
O problema é de todos, mas a primeira e única vez que foi tratado assim foi no Plano Estratégico da década de 90, por iniciativa do arquiteto Vicente Loureiro, uma voz que clama no deserto de homens e ideias que é nossa cidade.
Não acredito que a Câmara Municipal o fará. Essa chance não existe, pois, apesar do respeito à escolha popular dos senhores vereadores que compõem essa legislatura e o reconhecimento do que fazem para a sociedade com seu trabalho comunitário, nenhum deles foi forjado na cultura do planejamento. São frutos dessa cultura política da resolução da nossa imensa poupança de problemas acumulados à medida que eles se manifestam. E só.
Não tenho nenhuma esperança de que isso vá mudar. Mas não vou guardar meu diagnóstico para mim. Falarei disso enquanto puder, pois é tudo que está ao meu alcance fazer. A minha parte eu vou fazer.
Há no horizonte um marco histórico que poderia nos mobilizar para alcançarmos certas metas que a própria população pode eleger como prioritárias. Em 12 anos nossa cidade chegará ao bicentenário e qual a Nova Iguaçu que queremos nos nossos 200 anos?
Isso também é algo que já abordei algumas vezes, mas parece que o bicentenário está longe demais para gerar votos que, afinal, é tudo o que interessa aos políticos ou lucro imediato, que é a única coisa que interessa aos grandes empresários locais.
O povo e os pequenos empresários vão à reboque, igualmente alheios ao seu próprio futuro, mesmo que a experiência indique que a bomba sempre estoura em suas mãos.
Acredito que em 15 de Janeiro de 2022 poderei reaproveitar esse texto, mudando somente as datas e a idade da cidade. Nada mudará, exceto a minha insistência. Em todo caso: parabéns, Nova Iguaçu! Apesar de não haver nada para celebrar.