Nova Iguaçu tem uma história interessante, cheia de mudanças, nuances e detalhes. A própria datação da cidade é uma dúvida. Quando “começou” a existir Iguassú? Acredite, há mais de uma tese sobre isso.
A data da lei que nos elevou à condição de vila e que deu para Iguassú alguma autonomia, é o marco consagrado. E por essa métrica, completamos neste sábado, 15 de janeiro de 2022, os 189 anos de nossa cidade.
Cidade que nasceu Iguassú e teve seu nome alterado não apenas pela ortografia, mas também por um prenome: Nova. Se há a nova, é porque houve a velha. E aí vai outra peculiaridade iguaçuana: a mudança da centralidade do município, antes localizada naquele espaço que hoje chamamos de Sítio Histórico de Iguaçu ou Iguaçu Velha.
Nova Iguaçu também nasceu grande e diminuiu com o tempo. Uma espécie de Benjamin Button municipal. De uma costela nasceu Caxias, de outra Nilópolis. E Belford Roxo, e Queimados, e Japeri, e Mesquita. Mãe e capital da Baixada Fluminense.
No território que nos restou, há ainda questões muito excêntricas. Por exemplo: o que é Nova Iguaçu de fato? Para muitos moradores desse município, Nova Iguaçu é o bairro central. São os filhos que não reconhecem a paternidade (ou maternidade) de sua terra.
Construímos uma cidade que faz com que alguns sintam-se filhos legítimos e outros não se reconheçam, como se fossem bastardos. E, sejamos sinceros: Nova Iguaçu é uma mãe que os trata como bastardos mesmo. E não é apenas o poder público.
Já escrevi outras vezes sobre a necessidade de sermos uma só Nova Iguaçu, integrada, única, solidária e íntima. E continuarei escrevendo até que alguém concorde comigo.
Esse seria um projeto de cidade fantástico. Um consenso em torno de uma proposta de integração, onde cada iguaçuano dialogue com o conjunto da cidade. Uma comunidade onde a solidariedade de uma cidade majoritariamente cristã frutifique e distribua o bem para todos os concidadãos.
Esse espírito não nasce da noite para o dia. É preciso falar mais e falar sempre sobre isso. Por isso volto a este tema. É inaceitável, sob qualquer ponto de vista, que tenhamos iguaçuanos de primeira, segunda ou terceira categorias. Não há necessidade de haver iguaçuanos passando fome ou vivendo na miséria ou flertando com a indignidade de ruas sem saneamento, sem serviços básicos e dominados por grupos criminosos.
O conjunto da riqueza municipal permite a satisfação de todos. O que sobra na minha casa, falta na casa da outro. É preciso diálogo, é preciso um “hub” que faça esse encontro. E que não se espere que ele seja feito pelos outros: o dever é de todos e de cada um.
Em resumo, precisamos transformar essa ficção político-jurídica que nos confina em um mesmo território sob a mesma qualificação de iguaçuanos para que ela seja um convite a uma união fraterna e a um mínimo projeto comum em que possamos nos ajudar a caminhar pela vida de maneira mais leve.
O sonho se realizará com diálogo. Mas é preciso começar.
Parabéns para todos vocês, iguaçuanos natos ou por adoção! Nova Iguaçu é a soma de todos nós.