O ano era 2015. O ex-presidente do Uruguai José Mujica divulgava seu livro “Una oveja negra al poder”, um relato de sua trajetória na presidência do seu país. Um trecho do livro, porém, chamou atenção dos brasileiros.
Mujica apontava uma suposta confissão que o petista Lula fizera do mensalão. Segundo o ex-terrorista, Lula teria confessado que sem corrupção não seria possível governar o Brasil, em justificativa aos seus malfeitos. A revelação não conseguiu ser escondida nem pela mídia simpática a Lula. O jornal O Globo foi o primeiro a divulgar.
Nos bastidores o que se dizia era que Mujica resolveu abrir o bico em retaliação à decisão do Governo Dilma de não financiar a ampliação de um porto no Uruguai, já que o Brasil estava quebrado e vivendo a pior recessão de sua história. A chateação de Mujica fazia sentido: o povo brasileiro já havia financiado tantos benefícios a outros regimes socialistas e, justamente na vez do Uruguai, a farra parou.
Até hoje não se sabe se essa foi a verdadeira causa do sincericídio de Mujica. Porém, a informação caiu como uma bomba em um momento em que a Lava Jato começava a revelar as barbaridades do petismo. A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado chegou a aprovar um pedido de convite para que Mujica comparecesse ao Congresso para esclarecer a história.
O tema era relevante porque Lula sempre afirmara desconhecer a existência do Mensalão, coisa que qualquer criança duvidaria, mas que no ambiente de blindagem que reina a favor de Lula no Brasil, ainda era levado a sério.
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Pressionado, Mujica apressou-se a negar que tivesse dito o que escreveu no livro. E a imprensa brasileira, sempre alerta para servir ao petismo, tratou de colocar uma pedra no assunto. Como era um tempo em que não havia oposição real ao PT, mas apenas o fantoche do tucanato e algumas vozes isoladas, o assunto morreu.
Mas é preciso relembrar mais esse episódio, pois é mais uma revelação do espírito autoritário do petismo. Se os ditadores de outros tempos faziam a intervenção à força no parlamento, o PT aperfeiçoou o método do controle via corrupção, anulando na prática a função do Legislativo no sistema de freios e contrapesos, como acontece em ditaduras.
O entendimento de Lula sobre a necessidade da corrupção para governar o Brasil obviamente continua. Como continuou após o Mensalão ser descoberto e substituído pelo Petrolão. Resta provado que esse método está no DNA petista, o que mais se comprova com as figuras que ora estão aliadas ao candidato recentemente saído da prisão.
Mas a corrupção é apenas um dos problemas do petismo. Ainda pior é a ameaça à democracia e às instituições que ele representa. Lula é a expressão máxima do autoritarismo no Brasil de nossos tempos, mas a compra de diversos setores da sociedade, notadamente a classe artística, a imprensa e o alto empresariado, faz com que continue a farsa do Lula democrata entre aqueles que formam opinião no país.