Repetidos à exaustão, os clichês que envolvem a imagem do jornalista Allan dos Santos, 38 anos, transformaram-se em verdade sem necessidade de prova. Apontado como “integrante de uma milícia digital” e associado à ideia de “fake news”, Allan dos Santos é vítima de um dos maiores linchamentos morais jamais vistos no Brasil e no mundo.
Não há nada que prove que Allan dos Santos organiza ou integra uma “milícia digital”, seja lá o que for essa coisa. Tampouco, nos dão conhecimento desse mundo de notícias falsas que alegam que ele propagou.
O inquérito das fake news veda o acesso aos autos aos advogados e às partes. Não há publicidade porque a não-publicidade é a única forma de sustentar aquilo que acusa.
O cidadão comum ouve esse arsenal de acusações e engole. Os anticorpos sociais para uma overdose de mentiras deve ser a imprensa e, neste caso, ela é uma das fontes das barbaridades ditas sobre Allan dos Santos, além do próprio “inquérito” de Alexandre de Moraes.
A explicação para esse linchamento moral é fácil de compreender. Allan fala demais. Ele fala o que não pode ser dito. Ele fala o que não interessa a grupos econômicos poderosos, à mídia mainstream, às organizações criminosas e ao establishment em geral.
Allan é uma voz a serviço do interesse público. Seu defeito é falar as verdades inconvenientes aos poderosos e que ninguém tem coragem de dizer ao “Zé Povinho”.
O Professor Olavo certa vez deu testemunho da bondade de Allan dos Santos. Segundo o saudoso mestre, Allan foi o homem mais bondoso que ele conheceu. A dedicação do jornalista à luta que empreende e as consequências que suporta são provas incontestes de sua honestidade de propósitos.
Apesar de ser um homem como qualquer outro, com suas qualidades e defeitos, Allan deveria ser conhecido e reconhecido pelo povo brasileiro como um patrimônio nacional. Um homem a serviço da verdade e cujo crime foi levar aos brasileiros as informações e o conhecimento que o sistema não quer que a massa tenha acesso.
Alguém acredita que Allan dos Santos é um sujeito perigoso e que demande todo o empenho que o inquérito das fake news empreende para calar sua voz? Que zelo é esse do Judiciário que promove contra um jornalista uma perseguição que jamais vimos contra os mais perigosos criminosos?
Por que um tribunal que colocou na rua elementos como André do Rap, José Dirceu, Gordão do PCC e Lula, por exemplo, deseja tanto prender Allan dos Santos?
E mais: a prisão preventiva é medida que se aplica para evitar a continuação de danos à sociedade por um criminoso ou suspeito. Allan não foi preso. Passados oito meses do pedido de prisão de Allan, onde estão os danos que ele teria potencial de causar e que justificariam sua prisão preventiva?
Não existem razões confessáveis e legais para o empastelamento do canal Terça Livre, para o bloqueio das suas contas bancárias, para a perseguição ao jornalista Allan dos Santos, para a proibição de que se comunique com a sociedade pelas redes sociais, para seu pedido de prisão preventiva e, muito menos, para sua extradição.
Os fatos provam sem deixar a menor margem de dúvida. Mas a imprensa segue insistindo nas mentiras sobre ele, mentiras legitimadas pela mais alta corte judicial do país.
O jornalismo independente e que não serve aos financiadores públicos e privados dos grandes conglomerados de mídia é o alvo dessa perseguição. Allan é a face visível dessa modalidade jornalística. Esse é o perigo que ele representa. Um perigo para quem?
Pense bem: para você, cidadão comum, é que não é. Você também é uma vítima. Só falta você se dar conta e se unir na luta contra essa tirania.