Em artigo publicado em 09/06/2021 no site Poder 360, o condestável do petismo, José Dirceu, fez uma de suas confissões públicas. Muito mal se pode falar de Dirceu e por muitos motivos, mas não se pode acusá-lo de esconder suas intenções.
O dono do STF avisou com antecedência, por exemplo, que o PT “tomaria o poder, o que é muito diferente de ganhar eleições”. E a história está mostrando que ele está cumprindo a promessa com a ajuda dos seus subordinados.
Trato aqui de artigo em que o ex-presidiário e ex-presidente do PT (duas coisas que são quase sinônimas) antecipou o que o petismo fará com as Forças Armadas após voltar ao Planalto. Listo abaixo alguns pontos que podem ser conferidos no original publicado aqui:
– “redefinir o papel das Forças Armadas na Constituição, começando por mudar o equivocado artigo 142, que mantém a tutela militar. Para que, assim, não reste dúvida de que as Forças Armadas não detêm o poder moderador ou de árbitro da nação; ao contrário, estão submetidas ao poder civil constitucional”;
– rever a anistia dada aos militares na redemocratização (sem mexer, logicamente, na anistia dada aos inimigos do regime de 64, dentre eles, o próprio Dirceu);
– tirar dos militares o dever de garantir a Lei e a Ordem;
– “afastamento total [dos militares] da política e das funções públicas – sem quarentena e ida para a reserva como acontece hoje -, o abandono das GLOs (Garantias da Lei e a Ordem) e a devolução ao Ministério da Defesa de seu papel civil e ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República) de seu papel legal, não necessariamente militar”;
– “revisar os conteúdos dos currículos das escolas militares que precisam superar a atrasada visão da guerra fria e do inimigo interno. Os currículos têm que ter o caráter científico, pluralista, democrático e laico do ensino público, sem discriminação e sem preconceitos” (ele parte da premissa que as forças militares são discriminatórias e preconceituosas);
– “fazer valer o papel de comandante em chefe do presidente da República dentro da lei de promoções dos oficiais da ativa das Forças Armadas aprovada pelo Congresso Nacional, de submeter os militares aos poderes constituídos oriundos da soberania popular – o presidente da República e o Congresso Nacional”;
– acabar com a estrutura de defesa nacional com infantaria distribuída por todo país, deixando o território vulnerável;
Dirceu ainda fala em uma mudança na cultura dos militares, levando-os a abandonar paradigmas como o da guerra fria (como se o Comunismo não fosse mais um perigo), do inimigo interno, da opção pelo Ocidente e da proximidade com o “bloco liderado pelos Estados Unidos” (tornando o país um lacaio da China);
UMA PISTA QUE VEM DO CHILE
Uma pista interessante para o futuro das Forças Armadas sob o petismo é a pretensão do presidente socialista do Chile, o radical Gabriel Boric, que pretende acabar com as forças armadas daquele país e substituí-la por uma guarda nacional. A receitinha vinda de Pequim deve ser aplicada em toda a América do Sul.
O que o PT deseja não é diferente, embora não seja para amanhã. Eles irão esvaziar as Forças Armadas de sua atribuições até que ela não tenha mais razão de existir ou siga adiante apenas como algo simbólico.
Esse é o objetivo final: substituir a defesa nacional por uma outra instituição com uma outra cultura institucional, sem uma história que lhe sirva de referência, sem um Duque de Caxias, sem um Osório, sem um Tamandaré como espelhos, sem a preocupação com o Brasil como Estado e nação. Uma nova corporação forjada no sentimento ideológico “progressista”, sem verde-oliva, e sim avermelhada.
SOCIEDADE NÃO COMBATEU O MONSTRO QUE RESSURGIA
O casuísmo do STF ao revisar a jurisprudência sobre a prisão em segunda instância; a aprovação da chicana jurídica do foro de Lula para torná-lo elegível, anulando os processos de Curitiba e, consequentemente suas condenações criminais; toda sorte de abusos promovidos pelo Judiciário com o inquérito ilegal das fake news e a atuação parcial do TSE nas eleições deveriam ter alertado a sociedade, o empresariado, os oficiais das Forças Armadas, dentre outros elementos da vida nacional para o que estava por vir.
Mas grande parte da opinião pública e dos vetores de poder não enxergaram a dimensão do perigo que o petismo representa, muitos pensando exclusivamente nos benefícios financeiros que o governo Lula poderá lhes render.
Sem as Forças Armadas ou com elas fatalmente enfraquecidas, o país perderá o pouco dos anticorpos que lhe resta contra o comunismo. Não que as corporações militares sejam ainda tão relevantes assim na política nacional. Porém, ainda há ali a última centelha da compreensão do Brasil como uma nação que está acima do Estado e acima das ideologias.