Mais um 30 de Abril e com ele as celebrações do chamado “Dia da Baixada Fluminense”. E, como sempre, o que vimos nas redes sociais, no rádio, na TV e nos jornais é aquela velha patacoada de “povo sofrido da Baixada Fluminense”, uma forma abjeta que alguns se referem à nossa gente como se não fossemos sujeitos de nossa própria história.
Essa fraude de “povo sofrido”, criada por quem tira boas vantagens desse discurso e reproduzido por quem quer afetar bondade, é uma calúnia contra o povo da Baixada Fluminense. Calúnia suja e que de tanto ser repetida já vai se incorporando na alma dos filhos de Iguassú, de Guapimirim até Itaguaí.
Povo sofrido uma pinóia!
O cidadão da Baixada é, antes de tudo, um forte e se destaca pela garra de lutar pelo ganha-pão, por vencer na vida, por levar uma vida decente com os frutos do seu esforço. Alguns enriquecendo, alguns vivendo de forma remediada e outros sobrevivendo a duras penas.
Estes últimos com a cabeça cheia de caraminholas colocadas por quem se faz de amigo, mas é inimigo de quem pode mais e lhes corta as mãos e pernas, canalhas que lhes podam a alma, caluniadores que querem fazer da imagem do cidadão da Baixada a de um coitadinho abandonado pelos governos.
Coitadinho é o escambau!
As mulheres e os homens da Baixada não devem se enxergar como coitadinhos. Eles fazem parte de uma história de gente empreendedora, trabalhadora, que corre atrás e vence. São vítimas sim, mas vítimas daqueles que amputam suas potencialidades em nome de uma ajuda que nunca chega.
Incutir nas almas do povo da Baixada a ideia de “povo sofrido” é a grande violência que se pode fazer contra esse contingente humano de três milhões de pessoas.
Os males da Baixada Fluminense também acontecem porque esse povo se enxerga cada vez menos como um sujeito ativo de sua própria história, porque colocaram em sua mentalidade que é um povo que sofre um destino irremediável de maldades. Pensando assim continuará sofrendo, pois só deixa de sofrer o povo que age e reage.
Todos nós em algum momento já caímos nessa esparrela de “povo sofrido”. É um pensamento frouxo, covarde que seduz qualquer um em um momento de revolta e fraqueza. Mas que deve ser repudiado e não deve mais ser usado para se referir o povo vencedor da Baixada Fluminense. Uma população vencedora, mas em grande parte adormecida pela anestesia dos que a taxaram de sofrida.
Povo sofrido, uma ova!