Desde que foi reeleito no ultimo domingo (6/10), o prefeito carioca, Eduardo Paes, não tem feito nada além de sua campanha para governador do estado. Sem receio algum de dar bandeira, começou a campanha com aquele clichê gostoso que a classe média carioca adora ouvir: “é hora de parar com a polarização”. Aquela coisa que não significa nada, mas muita gente acha bacana, especialmente quem não gosta de política (mas vota).
Paes está sinalizando um discurso moderado não só para poder dar palanque ao seu presidenciável, o radical Lula. Sua ideia é desmobilizar o bolsonarismo no estado e captar parte desse eleitorado como conseguiu na capital.
Na sequência de sua campanha de 2026, Paes foi ao X (ex-Twitter) afirmar que não está pensando em candidatura ao Governo do Estado. Tanto está que foi às redes negar o que tinha dito antes ao jornal O Globo em entrevista em que deixa escapar que “agora não é hora de montar [o governo] com esse olhar de 2026”. Mas um dia essa hora chega, né prefeito?
Na mesma entrevista se contrapôs a Cláudio Castro, marcando posição como opositor e escolheu um alvo para associar ao governador e contra quem polarizar: o presidente da Alerj, Bacellar.
Até a estátua de Tiradentes em frente à antiga Cadeia Velha já sabia do desejo de Bacellar ser o candidato da situação ao Governo do Estado. O que ficamos sabendo agora é que, malandro que é, Eduardo Paes também quer.
Ao escolher esse alvo (o mais fraco entre os possíveis candidatos de situação), Eduardo Paes deu a Bacellar uma chance de marcar sua posição como adversário dele. Um episódio tão bom para ambos que só não dá para afirmar que é combinado por falta de provas. Mas que parece, parece.
É evidente que existem movimentações de Bacellar para ser o candidato a governador e gente desajuizada o suficiente para apoiar essa ideia. Mas uma candidatura Bacellar desagregaria forças que poderiam se unir contra Paes e Lula. Como abrir mão de Dr. Luizinho ou Washington Reis, por exemplo, que têm força e credibilidade política para construir uma aliança forte para vencer Paes, para apoiar um líder com um poder de fogo muito inferior e que, com toda certeza, perderá?
Uma candidatura Bacellar pulverizaria essas forças que poderiam estar agregadas sob a liderança de um líder forte da Baixada Fluminense. Quem ganha com isso? Eduardo Paes e Lula.
Não foi por outro motivo que Paes deu tal entrevista a O Globo. Nela, ataca Bacellar, antagoniza com ele e adula Dr. Luizinho e Washington Reis que, unidos, tornariam impossível uma vitória do candidato de Lula ao governo fluminense e do próprio petista no Rio de Janeiro.