Está bem claro que o segundo turno dessa eleição presidencial é atípico. Após clamorosos “erros” patrocinados por órgãos de imprensa e empresas de investimento que contrataram (e divulgaram) pesquisas completamente divergentes em relação à realidade eleitoral, o Presidente Bolsonaro mostrou incrível resiliência e chegou vivo para a disputa final. Segundo um jornal português francamente simpatizante do petista, o cenário do primeiro turno foi de “Vitória amarga de Lula, derrota doce de Bolsonaro e tudo muito em aberto”.
Mesmo com as fake news em forma de pesquisas, com a campanha pelo voto útil, com o TSE proibindo Bolsonaro de fazer campanha, com grupos criminosos impedindo a campanha de Bolsonaro em áreas dominadas e com um arsenal de mentiras da imprensa contra o presidente, ainda assim ele conquistou a maioria parlamentar nas duas casas do Congresso em um número jamais visto.
Bolsonaro vai para o embate final com Lula levando o espólio de uma desvantagem numérica no primeiro turno, mas revelando impressionante resiliência em relação à força-tarefa que reuniu TSE, a imprensa nacional e internacional, as facções criminosas, as grandes corporações, o jogo sujo petista, os grandes bancos, sindicatos e muitos outros vetores de poder. O establishment usou todas as suas armas contra Bolsonaro no primeiro turno.
O atual Presidente da República chega favorito ao segundo turno e as vantagens de Bolsonaro sobre Lula são claras. O candidato à reeleição contará com o legado das vitórias eleitorais dos seus aliados nos estados, com a perspectiva de governabilidade com um congresso alinhado à sua agenda, com a forças das ruas, com um eleitorado engajado, com um manancial a explorar de 40 milhões de pessoas que não votaram ou anularam ou votaram em branco, com a fraude da mídia desmascarada e, também, com os votos volúveis dados a Lula no primeiro turno. Votos de pessoas que perceberão a fraude da mídia na primeira etapa da campanha e poderão mudar de candidato.
Bolsonaro ainda terá o apoio dos governadores eleitos de MG e do RJ, além do favorito para vencer o governo paulista. Os três maiores colégios eleitorais, portanto. E ainda conta com uma “torcida organizada” engajada e que vai atrás dos votos para seu candidato.
Lula, por sua vez, é um derrotado com seis milhões de votos de vantagem. Ele sabe disso. Terá apoio de Tebet e Ciro, o que diz muito pouco em um mundo em que Bolsonaro pode dialogar diretamente com os eleitores de ambos. Além do mais, em sete estados em que Lula venceu não haverá segundo turno para governador, o que aumentará a abstenção. São todos estes, estados em que o transporte é razoavelmente precário, o que desestimula o comparecimento.
O petista está muito perto do seu teto com o estímulo ao voto útil no primeiro turno. A maioria dos eleitores de Ciro simpáticos a Lula já embarcaram na candidatura lulista em 2 de outubro, por exemplo.
Além disso, o mercado e todo o “sistema” sabem agora que um eventual governo Lula seria uma sucessão de crises em um cenário de minoria parlamentar e com uma oposição furiosa e real nunca enfrentada por ele antes. A oposição a um eventual governo Lula não teria apenas maioria parlamentar, mas também contaria com a força das ruas e de vários movimentos sociais conservadores altamente engajados.
Por outro lado, Bolsonaro pode oferecer um cenário de estabilidade e progresso com sua maioria parlamentar, com a força popular dos seus apoiadores, com uma política econômica vitoriosa a ser continuada e, até mesmo, uma oposição grande o suficiente para fazer o contraponto democrático, mas pequena para atrapalhar a governabilidade.
O cenário que se desenha para um eventual governo Lula não interessa nem mesmo a muitos de seus aliados do “sistema”. Um desembarque de apoiadores silenciosos de grandes corporações pode acontecer na campanha de Lula e cair nos encantos da conversa de políticos habilidosos como Ciro Nogueira.
Quem viver, verá. Mas parece claro que os números do primeiro turno podem ser tão enganosos para o segundo, quanto foram as pesquisas para o resultado deste domingo (2/10). Bolsonaro é favorito neste segundo turno e deverá vencer as eleições no próximo dia 30/10.