São poucos dias para uma análise, mas podemos ao menos falar das primeiras impressões sobre o governo de Eduardo Reina. Impressões são impressões. Podem se confirmar ou não ao longo do tempo.
Há algo, porém, que é inegável. Existe um prefeito. Se bom ou mau, o tempo dirá. Mas, inegavelmente, um prefeito real, que existe além do papel, que as pessoas sabem onde podem encontrar, que comparece aos eventos de relevância para a cidade e que expõe sua rotina nas redes sociais. Pode parecer bobagem, mas depois do perfil com o qual tivemos que conviver nos últimos oito anos, é praticamente uma revolução. Esperamos que isso se mantenha.
Outra novidade é que temos também uma vice-prefeita. Nesse caso, não apenas de fato, como também de direito. Afinal, no mandato anterior, o vice-prefeito eleito não respeitou a vontade popular que o elegeu ao não assumir o mandato.
Dudu e Roberta inauguram também a presença da minha geração no comando da cidade. São os primeiros nascidos nos anos 1980 a vencer eleição e tomar posse. Isso implica uma visão de mundo diferente, inclusive uma outra forma de enxergar a política e o serviço público. Até agora ambos têm sido bastante abertos à exposição de seus atos como prefeito e vice.
Outros nomes da nossa geração que considero alvissareiro ver em posições estratégicas são os do Dr. João Bosco e de Marco Antônio Barros, o Bolinha, braços direito e esquerdo de Dudu Reina. Serão, respectivamente, o procurador-geral e o secretário de governo, ou seja, aqueles que viabilizarão juridica e politicamente o mandato.
Dudu recebe a cidade dos seus antecessores ainda despreparada em infraestrutura para as já esperadas enchentes de Verão. Esperamos que seja um prefeito diferente e enxergue como uma prioridade a preparação da cidade para um problema recorrente. Contudo, ao menos o vimos reunido com antecedência com diversas autoridades e entidades que poderão auxiliar na diminuição dos prejuízos em casos de eventuais tragédias ambientais. É o que está ao alcance no momento, embora não seja tudo o que esperamos para os quatro anos.
Talvez os maiores gestos simbólicos de seu início de mandato tenham sido em relação à identidade iguaçuana, como o apoio e participação em atos ligados à Cultura, bem como o reboque de carros abandonados, possivelmente para indicar que haverá um choque de ordem no município. No primeiro caso, o da Cultura, segue os passos do seu antecessor, mas com o acréscimo de sua presença, algo que o prefeito anterior sonegava. Em relação à remoção dos carros abandonados, que não seja um gesto aos donos dos reboques, mas à ordem pública.
Ausentes ainda são os sinais de que o novo prefeito pretenda socorrer a economia iguaçuana após a tragédia que varreu empresas e empregos da cidade nos últimos dez anos. Não houve nada no discurso, nas promessas de campanha ou nos gestos após eleito de que a coisa mais importante da vida social – que é a produção de riquezas – terá a colaboração ou a promoção do seu mandato. E isso é grave e preocupante.
Outro ponto negativo foi a ausência de satisfação aos iguaçuanos sobre os rumores de atraso nos salários de funcionários das organizações sociais da Saúde contratadas pela Prefeitura. Esse é, aliás, um grave defeito histórico da comunicação social de todos os prefeitos iguaçuanos: não esclarecer algumas informações que chegam à sociedade por outros meios, mantendo-nos sem uma versão oficial destes assuntos.
Sigo na esperança de que Dudu Reina venha a ser um prefeito melhor do que Rogério Lisboa, como escrevi na última edição de 2024 do Correio da Lavoura. No que for bem, elogiaremos. No que for mal, vamos bater. O que importa é Nova Iguaçu. Torço para que ele tenha humildade de ouvir as críticas de toda a sociedade e que faça também sua própria autocrítica, buscando melhorar onde eventualmente seja ocorram falhas ou ausência. Aliás, os bons líderes devem se cercar de bons críticos. Tomara que seja assim com o novo prefeito. Boa sorte ao Dudu e à Roberta.