Está havendo muitos erros de avaliação por parte dos apoiadores de Bolsonaro que criticam o encaminhamento dado pelo PSL na eleição para a Câmara Federal.
Conceitos como o de “velha política” e um puritanismo político que ignora as regras do jogo democrático e institucional estão obnubilando o juízo de parte dos apoiadores de Bolsonaro.
Bolsonaro foi eleito chefe do Poder Executivo e não um ditador. Existe um Congresso e neste uma câmara de deputados eleitos pelo povo, uns com experiência, outros sem. Uns com trânsito e bom relacionamento com as diversas representatividades, outros com nenhuma intimidade com seus pares.
A coleção de equívocos começa ao achar que é possível uma candidatura do PSL à Presidência da Câmara. Essa é a mais ingênua das ideias. Imaginar que as demais bancadas darão a Bolsonaro e a seu partido ainda mais poder do que a caneta de presidente já tem e justamente para um governo que não pretende fazer negociatas, é um caso extremo de desconhecimento da natureza das coisas.
Outra bobagem que vem sendo dita é que Bolsonaro se sujeitou à velha política ao permitir que seu partido apoie um representante dela. Ora, a velha política não é um conjunto de pessoas e sim, de práticas. Haverá concessão à velha política se as negociações com Rodrigo Maia se derem em termos corruptos, com negociatas e “toma lá, dá cá”. Se for uma aliança programática, não é velha política.
E é justamente na questão programática que Maia é vantajoso para o PSL. Muitas das agendas que Rodrigo Maia defende pessoalmente são comuns a ambos. Isso dá a Bolsonaro a garantia de que não haverá traição na hora de pautar a maior parte das suas reformas. E naquilo que Maia não concorda ele deverá pautar em função do apoio que recebeu pela eleição.
Mas o ponto mais relevante do valor da candidatura Maia é que ele é não apenas um candidato viável e sim o favorito. Construir uma candidatura própria do governo, mesmo sendo de um partido aliado, que conjugue a habilidade, o trânsito e a confiança da maioria dos parlamentares, a confiabilidade por parte do governo e do PSL e a viabilidade eleitoral seria uma engenharia política arriscada e com grandes chances de legar a Bolsonaro um Eduardo Cunha para chamar de seu, o que praticamente sepultaria o seu governo.
Concordo plenamente. A política não é como muitos pensam. A democracia exige concessões, sem maracutaias, e assim se governa para a maioria