Acompanho a trajetória de Rodrigo Maia há décadas, porque fui um entusiasta de seu pai. Cesar Maia elegeu-se prefeito do Rio em 1992 e fez o mais espetacular mandato de prefeito da história carioca entre 1993 e 1996. Era um ex-brizolista que parecia ter encontrado a luz da razão.
Não é possível falar em Rodrigo sem falar no pai. Rodrigo nunca teve luz própria. Nunca teve voto. Nunca teve talento. Tudo era herança do pai.
Cesar voltou à Prefeitura do Rio em 2004 e ficou no comando até 2012. Rodrigo seguiu à reboque do pai, emendando mandatos de deputado federal, enquanto o pai era humilhado por Lula, então presidente da República. Era um tempo em que a centro-esquerda era o que havia de mais à direita no Brasil.
Lula chegou a comentar que Cesar era o seu adversário mais ferrenho. Quem rejeitava a esquerda no Rio de Janeiro, era entusiasta de Cesar Maia, que sabia se comunicar bem com o eleitor mais conservador e colecionou vitórias sobre a esquerda caviar carioca.
Mas Cesar teve dois grandes inimigos. Primeiro, o lulismo, que fez muito mal ao Rio durante o segundo e o terceiro mandatos de Cesar para destruí-lo. Em segundo, o inimigo mais implacável: seu filho, Rodrigo Maia.
Rodrigo jogou quase todo o capital político de Cesar fora e nada agregou. Nas eleições de 2022, impôs ao pai a bisonha aliança com Marcelo Freixo. Nenhum adversário pensaria em nada pior. E sequer conseguiu montar uma nominata decente para eleger sua irmã como deputada federal.
No Governo Bolsonaro, Rodrigo não descansou na tentativa de trabalhar por quem sempre o desprezou e a seu pai e de prejudicar o Brasil para destruir quem o prestigiou, Jair Bolsonaro.
A história de Rodrigo Maia é o maior “case” de fracasso da nossa história política. Poucos tiveram tanta sorte e receberam tanto de mão beijada do destino. E nenhum teve tanto zelo e esmero em destruir tudo.
Aos estudiosos da nossa história política fica uma sugestão de pesquisa para livro: a história política de Rodrigo Maia ou Manual sobre como fazer tudo errado na política. Será uma obra de referência para os jovens políticos se orientarem sobre tudo o que não se deve fazer.
Neste final de semana, em um hotel da Bahia, viveu o último capítulo da sua vida pública: foi escorraçado do restaurante do hotel por brasileiros indignados. Em resposta, fez o “L” de Lula com a mão. A síntese perfeita da sua história: sendo escorraçado por quem traiu e celebrando quem sempre o detestou.
Assista ao vídeo:
Rodrigo Maia foi hostilizado em hotel da Bahia neste final de semana. pic.twitter.com/YMx5ZHFVgM
— Thiago Rachid 🇧🇷🇵🇹🇻🇦🇭🇺 (@ThiagoRachid) November 20, 2022