Há quase trinta anos que Jair Bolsonaro é tratado com deboche pelos analistas políticos e pela imprensa. Sua candidatura à Presidência foi objeto de escárnio e não houve um analista sequer na grande mídia que não duvidasse de suas chances. Mas Bolsonaro venceu as eleições.
Eleito, a artilharia aumentou e começou contra ele a campanha mais implacável que já se viu contra um homem público por parte dos donos do poder no país. Bolsonaro apanha inapelavelmente todos os dias de todos aqueles que até bem pouco tempo atrás eram os senhores da formação da opinião pública brasileira – imprensa, celebridades do meio artístico, discentes e docentes das universidades públicas, sindicatos, servidores públicos, partidos de Esquerda e Centro-Esquerda e todos os demais que não foram citados.
Seus apoiadores são perseguidos pelo Supremo Tribunal Federal. Alguns já foram presos sem processo, nem acesso aos autos. Uma reunião de Estado já teve seu sigilo violado. Um de seus ministros viu-se obrigado a sair do país para preservar sua vida e liberdade.
O jornalista Allan dos Santos também precisou fazer o mesmo depois de descobrir e denunciar um convescote de ministros do Supremo com chefes do Poder Legislativo e outros poderosos que visava derrubar o Presidente com um golpe judicial valendo-se de meios aparentemente legítimos.
Sua família é achincalhada. Seus filhos são pintados como garotos-problemas. Sua mulher já foi chamada de adúltera. Enfim, se considerarmos a tentativa de assassinato que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018, não houve nenhum expediente, por mais vil e criminoso que seja, que não tenha sido usado contra Jair Bolsonaro.
BOLSONARO IMAGINÁRIO X BOLSONARO REAL
Mas, apesar de tudo isso, sua popularidade continua alta. Os analistas que, via de regra, são inimigos dele, já deram mil explicações para sua força: robôs, distribuição de fake news em massa, auxílio emergencial, efeito do antipetismo, efeito da Lava Jato, apoio evangélico, etc, etc.
O obstáculo à compreensão da força de Bolsonaro está na dificuldade em reconhecer-lhe as virtudes. O ódio cega e de olhos vendados seus inimigos não conseguem conhecer senão um Bolsonaro imaginário, pintado em cores fortes pelas manchetes publicitárias do anti-bolsonarismo travestido de imprensa.
Existe um Bolsonaro real, com qualidades e defeitos. Sem enxergar Bolsonaro como ele é e não como se deseja que os outros o percebam para que o odeiem, será impossível compreender o seu sucesso.
A VIRTUDE ESSENCIAL
E o segredo do presidente está na força de suas convicções. Não é apenas coerência, o que pode se fingir. Bolsonaro não finge, não simula. Ele é o que é, não se importando se vai parecer tosco, caipira, grosseiro. Isso transmite segurança. Gostando ou não do que ele faz, o eleitor sabe o que pode esperar do Presidente da República. E por seus valores serem semelhantes aos do Presidente, grande parte dos brasileiros não quer abrir mão dessa segurança.
A assertividade em relação às suas convicções faz com que Bolsonaro seja visto pelo povo como líder sincero, de personalidade, seguro. É um modelo contra o qual a política brasileira não sabe lidar na oposição. Não é simples destruir uma liderança assim em tempos que as mentiras são facilmente esclarecidas pela internet. E os pecados de Bolsonaro são irrelevantes em comparação aos seus predecessores. Bolsonaro é um adversário muito difícil de ser batido. Para sorte do nosso destino como nação.