Neste momento de grande júbilo para a Igreja em minha cidade natal por conta da ascensão de um novo bispo diocesano ao trono episcopal, ocorreu-me a reflexão sobre o gigantesco desafio que é ser um bispo no presente século.
Sou apenas um leigo e conheço muito pouco do dia a dia de um bispo. Não tenho condições, portanto, de referir-me às questões rotineiras do governo diocesano, tratando apenas de temas mais pastorais, que afetam o conjunto da comunidade eclesial e são acessíveis aos olhos dos comuns dos mortais.
Destaco três desafios fundamentais para um bispo em nossos tempos:
1) a ditadura do relativismo;
2) harmonizar a vida urbana e contemporânea das famílias com uma vida comunitária/paroquiana católica;
3) desenvolver um consistente trabalho pastoral de acolhida.
O primeiro ponto tem a ver com a própria Fé, tão bombardeada por mentiras e mascarada pela falta de conhecimento teológico e pela mentalidade revolucionária, características das quais nosso tempo é herdeiro dos últimos séculos. O Papa Emérito Bento XVI escreveu fartamente sobre o tema e não preciso fazer mais do que abordar o assunto, recomendando a todos que leiam na melhor fonte sobre o tema.
O segundo ponto é um problema que não é sequer debatido, exceto pelo viés errado, qual seja, de que a Igreja deve se submeter ao mundo contemporâneo ou que o mundo atual deve submeter-se à Igreja. Mas, fica a pergunta: por que não harmoniza-los?
A passagem do mundo rural para o mundo urbano e a dinâmica da sociedade contemporânea afastaram as famílias de uma vida cotidiana dentro das suas paróquias e comunidades. Um tempo cheio de distrações combinado com a ditadura do relativismo faz com que a Igreja seja procurada apenas para formalidades sacramentais, não sendo mais uma reunião das famílias de determinada comunidade, bairro ou cidade. É, pois, um dos frutos da ditadura do relativismo, potencializado com as circunstâncias da vida atual.
O terceiro ponto sempre me pareceu um meio de corrigir o problema citado no segundo ponto. É necessário acolher aqueles que procuram a Igreja eventualmente e levar o Evangelho a quem nunca aparece em nossos templos para trazê-los para uma relação perene em nossas paróquias e comunidades. Mas esse é um trabalho que deve ser diferente de tudo o que já foi feito até hoje em termos de trabalho pastoral de acolhida. Devemos confessar: os católicos não sabem fazer isso da melhor forma e nessa nossos irmãos protestantes, sobretudo os neopentecostais, são bem mais habilidosos, afinal, eles são frutos dessa sociedade em transformação, enquanto a Igreja é herdeira de dois milênios de tradições na forma de congregar.
É preciso aprender como fazer esse trabalho, não pode ser uma coisa mambembe, tem que ser para valer, com muito estudo, reflexão e sem preguiça.
Em resumo: é preciso anunciar aos nossos contemporâneos que a Verdade existe, que Ela habitou entre nós e nos redimiu na Cruz e que devemos viver conforme a Verdade, convidando os homens e mulheres de boa vontade a viver conforme à mensagem de Cristo e em comunidade com outros que estão no mesmo propósito.
É um desafio e tanto. Não muito diferente daquele que viveram os primeiros apóstolos. São enormes as dificuldades para os apóstolos do nosso tempo, mas se Deus é por nós, quem será contra nós? Hoje temos o testemunho dos tempos de que para a ação da Igreja não existe o impossível, pois somos assistidos pelo Espírito Santo.