A Folha de S. Paulo publicou na edição deste domingo (10/01) do papel de embrulhar peixe que produz diariamente um texto da lavra de Ruy Castro que seguramente entrará para a história da imprensa brasileira como um de seus episódios mais abjetos.
Em sua coluna na página A2 da Folha, Castro sugere o suicídio dos presidentes das duas maiores democracias do Ocidente. O texto faz troça com um tema sensível como é o suicídio.
Como se sabe, muitas vidas se perdem todos os anos por doenças que redundam no suicídio. Vidas perdidas, famílias destroçadas. Por conta disso, diversas instituições, templos religiosos, ONGs e associações dedicam-se à prevenção do suicídio.
O mês de setembro é dedicado a este debate, inclusive. É o Setembro Amarelo, que engaja milhões de pessoas mundo afora. Também existe uma linha telefônica – o disque 188 – do Centro de Valorização da Vida, voltado à atenção daqueles que pensam em suicídio e buscam ajuda.
Este não é um tema para servir de pano de fundo para a crônica política. Ainda mais em tom de deboche. O autor, Ruy Castro, mancha uma carreira belíssima com um texto execrável.
Ruy Castro é um talento. Suas biografias de Nelson Rodrigues, Carmen Miranda e Garrincha são obras exemplares do gênero. “Era no tempo do Rei”, uma história muito divertida que mistura ficção e personagens históricos.
Mas talento não é sinônimo de bom caráter, de comportamento ético e de bons sentimentos. Por isso acho ridículo quando dão a artistas e outros famosos uma importância indevida sobre suas opiniões sobre temas fora das suas atividades, como a política.
Não sei se Ruy Castro é um verme e um mau caráter como sugere seu texto de hoje na Folha de S. Paulo que muitos estão compartilhando. Acho que não é. Todo mundo pode errar. Mas se ao erro não se suceder um arrependimento, a dúvida estará sanada.
Em tempo: o blogueiro Ricardo Noblat, do site de Veja, reproduziu o desejo de Ruy Castro e muitas pessoas pensaram que ele era o autor da ideia. A confusão faz sentido, porque o público esperava uma atitude assim de Noblat por vários motivos. Mas, não foi ele o autor.