Começa na próxima semana mais uma campanha eleitoral, evento monumental de cerca de 50 dias em que bilhões de reais saem do bolso do povo brasileiro para financiar o debate político que, via de regra, não acontece. Uma grandiosa farsa que culmina na apoteose da democracia: o dia do voto.
As más gestões começam na farsa eleitoral. O que nunca falta em campanha é sambinha, bandeira, papel, tapa nas costas e a formação das inúmeras “Famílias Fulanos”. O que falta sempre é ideia na cabeça e o espírito público no coração do candidato.
Em Nova Iguaçu temos seis candidatos a prefeito e, aparentemente, muito poucas ideias nas cabeças. É sempre uma conversinha fiada de “vamos fazer um parque industrial” ou “temos que investir em saúde, educação e segurança”. Beleza. Mas se perguntar onde será o parque industrial, quantos empregos ele vai criar, quais as formas de subsídios, o que faz o candidato crer que a indústria deixará a proximidade com a cadeia produtiva paulista para vir para o Rio, pronto: é congestão cerebral na certa.
Eu só posso acreditar que os nossos candidatos não têm nada de concreto em mente para a cidade. Ouvi quase todos em algum momento, seja pelo rádio ou pelas redes sociais. Só escutei abstrações. “Temos que…” e uma abstração qualquer dita em seguida: esse é o padrão.
Vamos lá, candidato. Diga-nos: o que o senhor propõe de novidade para o atendimento em saúde do cidadão iguaçuano? Fala uma coisinha concreta, candidato. E para os professores? Temos planos concretos de capacitação do magistério? Não, por favor, não me venha com intenções: queremos ideias bem fundamentadas. De intenções, Nova Iguaçu está cheia e por isso a cidade tá um inferno para se viver.
Veja você, candidato: não passamos uma semana sem que saia na imprensa uma notícia de mulher apanhando ou morrendo nas mãos do marido dentro de casa. Isso é caso de polícia, é verdade. Mas queremos saber o que o candidato propõe para que não se chegue ao caso de polícia. O que a gente quer em primeiro lugar não é punir quem bate em mulher: é que ninguém bata em mulher. Qual seu compromisso com elas, candidato?
E a família? A principal fonte de problemas para a sociedade brasileira é a degradação da família. O lar, cada vez mais, deixa de ser local de segurança para a formação do indivíduo e se torna uma fábrica de elementos que se tornarão adultos problemáticos. O senhor candidato já parou pra pensar nisso alguma vez? Tem algo na cabeça para agir em socorro das famílias iguaçuanas?
Conta pra gente, candidato. A gente quer mais que caminhada nas ruas, tapinhas nas costas, sorrisos forçados e jingles chatos.
Se quiser ajuda, eu estou aqui à disposição de todos os seis candidatos. Um celular, dois microfones de lapela, e podemos conversar longamente para que vocês contem aos iguaçuanos através desse bate-papo o que pretendem fazer com a cidade. Vocês mandam gravar e editam como quiserem. Não quero nada em troca. Falar de Nova Iguaçu já é um prazer pra mim. Mas, se preferirem, podem chamar outra pessoa para conversar, a sugestão é gratuita também.
O que eu apelo a você que quer governar Nova Iguaçu é que me desminta e diga: eu tenho planos concretos e factíveis para melhorar a qualidade de vida dos 800 mil moradores desta terra. São esses, esses e esses.
Por enquanto, vocês seis não empolgam ninguém. As pesquisas demonstram uma gigantesca indiferença do iguaçuano com a eleição municipal. E não é para menos. Após algumas décadas de frustrantes administrações municipais e campanhas eleitorais inúteis para o debate público, o iguaçuano deve ter mais o que fazer mesmo. Cabe a vocês mostrar que não são mais do mesmo desde já, na campanha eleitoral. Vambora?