A comparação entre os censos populacionais do IBGE de 2010 e 2022 revela que há no Estado de S. Paulo um processo redistributivo da população. Tanto no interior, quanto na região metropolitana da capital, a população tem se deslocado para as franjas das maiores cidades. Explicando melhor: regiões do entorno dos maiores núcleos populacionais daquele estado estão adensando, recebendo novos moradores. E eu vejo aí uma oportunidade para Nova Iguaçu. Explicarei adiante.
Esse fenômeno, antes privilégio de alguns poucos e que se materializava no famoso Alphaville, em Santana de Parnaíba/Barueri (SP), hoje está ao alcance de mais pessoas pela conveniência da internet. Ou seja, a nossa realidade atual permite a muitos o trabalho remoto e uma menor necessidade de se deslocar aos grandes centros.
Tal qual a chuva ou as frentes frias, que quando chegam em S. Paulo, já são avisos para que nós, fluminenses, tiremos o guarda-chuva e o casaco do armário, porque sabemos que elas chegarão em breve no Rio, esse fenômeno também não deve tardar a ocorrer em nossa região metropolitana em alguma medida.
OPORTUNIDADE PARA NOVA IGUAÇU
E aí pode estar uma oportunidade para investidores imobiliários e para gestores públicos da Baixada e, em especial, de Nova Iguaçu. Para o setor privado, a oportunidade é óbvia e não precisamos nos alongar nela. Para o setor público, é a chance de trazer famílias com alta e média renda para promover uma urbanização adequada de certas áreas. Tudo, é claro, dentro da estratégia de cada plano diretor e da legislação.
Uma área que particularmente sempre me preocupou é aquela à qual chamamos genericamente de “Tinguá”, mas que falando com mais precisão, diz respeito a, não apenas o bairro Tinguá, mas a todos aqueles que estão do lado direito da pista sentido Itaguaí do Arco Metropolitano. A urbanização caótica ainda é tímida nessa região, mas não tardará a ocorrer se não houver uma vacina.
Ocupar o grande vazio com uma urbanização sustentável e com imóveis, inicialmente, de alto e médio padrões pode ser uma oportunidade de criação de muitas oportunidades de trabalho próximas aos “bairros proletários” de Miguel Couto e Vila de Cava. O Arco Metropolitano permite um deslocamento rápido entre a capital e aquela região, tornando viável e atrativa a ideia de empreendimentos para aquela região
NÃO SEGREGAR: ANTES INTEGRAR COM A MELHORIA DA RENDA
A ocupação inicial da região com famílias de renda maior não teria, obviamente, o propósito de formar guetos. Seria meio de promover a alavancagem inicial do processo de ocupação ordeira, com casas em lotes arborizados de 600 ou 1.200 metros quadrados, por exemplo. Isso dependeria da viabilidade econômica proporcionada pelos primeiros ocupantes. Porém, o plano diretor para a região pode e deve prever áreas de zoneamento especial, para famílias de renda mais modesta.
Além disso, na margem esquerda do Arco existe um enorme contingente de trabalhadores de baixa renda. Destes, muitos estão desempregados e outros precisam fazer o desgastante movimento pendular em busca de trabalho e renda. Ocupar aquela região com famílias de renda maior, criará um novo ecossistema econômico na região.
ELEIÇÕES 2024 É CHANCE PARA A BAIXADA E NOVA IGUAÇU
Trata-se, portanto, de um projeto estratégico para as cidades da Baixada, em especial Nova Iguaçu, e que não pode partir apenas da iniciativa dos particulares, sem diálogo com o setor público. Muito pelo contrário. Por isso, esperamos que os novos gestores municipais, que renovarão as prefeituras da Baixada em 2025, tenham mais proatividade e disposição para convidar para a cidade quem quer investir e dialogar com eles.
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