VOCÊ SABE POR QUE DETESTA O SEU PREFEITO?
Os políticos brasileiros que exercem cargos executivos, sobretudo os prefeitos, estão ainda no século XIX. Eles não entenderam nada a respeito do mundo pós-moderno, suas exigências, suas ferramentas, a fartura de meios de ação para transformar seus lugares e elevar a qualidade de vida dos seus concidadãos. É por isso que a popularidade da maioria está em baixa.
Essas figuras toscas e covardes que qualquer brasileiro pode identificar naqueles (ou naquelas) que governam suas cidades seguem voluntariamente presos a um modelo de governança centralizada e que só conseguem proporcionar benefícios para sua comunidade com muito dinheiro em caixa. Para eles o seu vizinho, seu concidadão, é apenas um contribuinte e a Prefeitura uma estrutura tecnocrata à serviço dos seus financiadores de campanha em primeiro lugar, dos seus grupos de apoio em segundo e, se sobrar tempo e recursos, o cidadão pode receber uma migalha, por último, naturalmente.
UM EXEMPLO
O distanciamento entre esses políticos pré-históricos e a realidade é imenso. Prestem atenção como coisas simples da vida da sua cidade são negligenciadas. Vou dar-lhes um exemplo bobo que ocorre na minha cidade.
A desordem urbana causada pela ausência da autoridade pública cria situações terríveis de desconforto e perturbação para nós, em Nova Iguaçu. Cito esse exemplo trivial apenas para ilustrar-lhes como o alheamento do político velho, do político descompromissado e tosco sustenta problemas facilmente solucionáveis. Muitas áreas residenciais da minha cidade foram ocupadas com bares e restaurantes, o que levou a uma perturbação da vida dos moradores em horários de descanso. Esse fenômeno ocorre, sobretudo, no próprio bairro em que mora o prefeito. Mas o seu descolamento com a sociedade e os problemas reais da vida das pessoas é tamanho que ele sequer consegue se dar conta disso, para que possa resolver com uma simples ordem, sem gastar um centavo, algo que cria grandes problemas.
Citei esse exemplo para que o leitor perceba a dimensão do problema. Tenho certeza de que em sua cidade ocorrem coisas parecidas e outras muito, muito piores. E, se em coisas simples no próprio bairro em que o prefeito mora ocorre esse descolamento entre ele e o povo, imaginem os problemas complexos e que estão me periferia.
E COMO É O PREFEITO DO NOSSO TEMPO?
Agora, pense comigo: dinheiro não dá em árvore e a carga tributária já está além dos limites que podemos suportar. Os recursos públicos não vão aumentar muito nos próximos anos e décadas. O que será de nós sendo governados por esse padrão de homem público que governa como se estivesse em 1870?
A nova política não deve significar apenas o fim da corrupção. É preocupante que todo o foco esteja apenas em eleger gente honesta. Ora, honestidade é o mínimo, mas não é o suficiente. Minha avó é honesta, mas não conseguiria governar um município de dois mil habitantes. O homem público do século XXI precisa ser eficiente. Construir junto com a sua comunidade os resultados que ela busca.
A cadeira de prefeito não é mais o habitat do alcaide. Seu lugar é a rua. Não é mais ele quem deve ser procurado em seu gabinete pelo povo. É ele quem deve ir ao povo e conversar para entender o problema e buscar junto com o povo e com os profissionais de cada área as soluções possíveis e não mais as ideais.
Esse não é um mal da minha cidade. Dos 5570 municípios do Brasil só conheço dois em que os prefeitos se comportam como homens públicos do século XXI. Um é Sergio Meneghelli, de Colatina-ES. O outro é Lahesio Bonfim, de S. Pedro dos Crentes-MA. Pode ser que tenha mais uma meia dúzia de anônimos como eles Brasil afora. Não mais do que isso. Todos os outros estão dois séculos atrasados. Agora você sabe por que detesta o seu prefeito. Mas, agora surge um novo problema: onde estão os homens públicos do Século XXI? Falaremos disso em breve.