Quis o destino que a agressão russa ao território da Ucrânia ocorresse no momento histórico em que a nação agredida é liderada por um habilidoso comunicador. O presidente dos ucranianos, que é ator, tem feito uso inigualável dos meios de comunicação em um cenário de guerra.
Em relação aos conflitos anteriores, nosso tempo deu ao Presidente Volodymyr Zelensky uma vantagem em termos de comunicação de massa que tem sido aproveitada com habilidade. Zelensky demonstra que o papel da comunicação nas guerras de um mundo hiperconectado é mais importante do que jamais fora antes.
Ele a transformou na sua mais poderosa arma de guerra, conquistou a simpatia da comunidade internacional e colocou o mundo inteiro contra a Rússia de Putin.
A Rússia agressora coleciona ainda mais antipatias, bloqueios e boicotes do que ocorreria se não houvesse o bom uso da internet e das ferramentas que servem a ela, como as câmeras dos smartphones, as transmissões ao vivo dos aplicativos de mensagens e a divulgação em massa de episódios da guerra que desmoralizam o inimigo e fortalecem o sentimento nacional ucraniano.
Não sei se Zelensky é bom ou mau político, se é honesto ou corrupto, se é competente ou ineficiente na gestão das suas atribuições em tempos de paz. Até considero que errou ao admitir entrar na OTAN, não reconhecendo o papel estratégico que seu território tem para o equilíbrio e a paz da Europa e dando à Rússia a desculpa que faltava para retomar sua sanha imperialista.
Mas, nesta guerra e nas circunstâncias em que seu país está diante de um adversário muito mais poderoso, Zelensky e seu Estado Maior têm tirado leite de pedra com os recursos que têm ao alcance.
A Guerra da Ucrânia pode estar iniciando uma revolução do papel da comunicação na tecnologia dos grandes conflitos. Se a mentira sempre teve papel fundamental para o desempenho dos vencedores e vencidos, a circulação da informação como jamais pode acontecer antes é um dado novo e que devemos observar. E pode ser um meio de favorecimento da paz e da justiça no contexto desfavorável das guerras. Que assim seja.