Ouvir nossos políticos é cansativo, sobretudo nos municípios. Não raro, é discurso velho e frustrante. Talvez ele ainda encontre eco em alguns eleitores pela falta de alternativas melhores. Os mais modernos estão na década de 90.
“Saúde, educação e segurança”: podem perceber, essa é a conversa mais repetida. Alguns ainda acrescentam a “mobilidade” com ares de vanguardistas.
O problema não está na antiguidade do discurso, até porque alguns problemas continuam aí. Também não é um problema meramente estético. A questão é outra.
PROBLEMAS E SOLUÇÕES MUDARAM
Apesar de termos ainda desafios de há 30 anos atrás, as soluções mudaram, o estágio dos problemas mudaram e novos desafios se acrescentaram. Estamos no mundo da Inteligência Artificial, não mais na era analógica. E isso implica mudanças significativas na gestão pública.
O impacto da internet e demais ferramentas tecnológicas na produção de riqueza ainda não é completamente conhecida porque estamos imersos no processo. Alguns efeitos dessa revolução, porém, já podem ser notados e eles implicam em mudanças desde a educação pública até o zoneamento urbano.
O gestor que foca em “saúde, educação e segurança”, repetindo um discurso de quando instituímos a Constituição de 1988 e fundávamos um estado de bem estar social, ignora que hoje já temos a estrutura estatal para atender a essas velhas demandas e que o estágio do debate passa a ser sobre como potencializar o que construímos, sobre como podemos ser mais eficientes e como estamos preparando as novas gerações.
O discurso velho revela ainda a falta de reflexão e compreensão sobre a complexidade do fenômeno social e de suas dificuldades. Da década de 1990 para cá o conhecimento se multiplicou, as ferramentas se aperfeiçoaram, a vida das pessoas e a dinâmica laboral se alteraram, mas os gestores públicos ainda trabalham na perspectiva do movimento pendular, da construção de escolas e de postos de saúde, como se isso fosse suficiente.
NOVA IGUAÇU TAMBÉM MUDOU
Percebam que o próprio papel de Nova Iguaçu como cidade mudou muito. Temos mais vida própria e somos bem diferentes daquela cidade dormitório de antes. Embora para muitos o trabalho esteja em outras cidades, sobretudo na capital, para outros a situação já não é mais essa. Enxergar essa e outras mudanças é fundamental para planejar os investimentos e ações do agente público.
Nessa perspectiva, hoje teríamos, por exemplo, que ampliar a capacidade da cidade produzir riqueza localmente e não ir busca-la fora. É dialogar com o empreendedor local e estender um tapete vermelho para os que podem vir de fora. Porém, a nossa máquina municipal ainda funciona distante desse quadro.
Na prefeitura de Nova Iguaçu, os processos administrativos uma vez abertos entram em um limbo do qual só saem se houver uma tal boa vontade. O cidadão não pode depender de boa vontade, mas de protocolos conhecidos e prazos que possam ser cobrados. A imprevisibilidade em Nova Iguaçu é total por conta da burocracia e essa má fama da cidade vai longe, afugentando investimentos. Não à toa, recentemente fomos campeões brasileiros dentre 5.570 municípios brasileiros.
A capacidade de produzir mais na cidade, ampliando o emprego e a renda locais deveria estar na ordem do dia, mas não é o que ouvimos nos discursos. Convém lembrar aos que fazem política na nossa cidade que o trabalho e a renda melhoram a saúde, a educação e a segurança de maneira mais eficiente que o gestor público, ainda que não os substituam, apenas o complementem.
Discurso velho vira política pública velha que vira resultado velho. Não tem jeito. Ou os políticos mudam ou Nova Iguaçu continuará a mesma.
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MORREU ITAMAR SERPA
Morreu nesta semana o empresário Itamar Serpa, cuja obra empreendedora ilustra o que falamos neste artigo. Com a sua Embellezze, Itamar produziu riqueza na cidade e para a cidade. Ofereceu emprego e renda para os iguaçuanos e fez com que inúmeras famílias tivessem uma vida melhor através do trabalho. A despeito de ter sido um dos promotores da chegada de Lindbergh Farias à Prefeitura em 2004, um tropeço na sua relação com Nova Iguaçu, Itamar fez muitas coisas boas por essa terra e essa participação na eleição do petista em nossa cidade não deve apagar seu legado como empregador e empreendedor. Que Deus o tenha em bom lugar.
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